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Com seca e crise climática, Brasil tem a maior área queimada desde 2019

Com seca e crise climática, Brasil tem a maior área queimada desde 2019Mato Grosso, Pará e Tocantins foram os estados que mais queimaram.Foto: TV Brasil/Divulgação

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Por André Garcia

Agravada por um cenário de mudanças climáticas, a seca severa que persistiu na maior parte do Brasil ao longo dos últimos meses resultou em registro recorde de queimadas em 2024: foram mais de 30,8 milhões de hectares consumidos pelo fogo no País, uma área maior que todo o território da Itália.

Divulgados pelo Mapbiomas na quarta-feira, 22/1, o dado é da plataforma Monitor do Fogo e representa um aumento de 79% em relação a 2023. Com o crescimento de 13,6 milhões de hectares de um ano para o outro, esta também se tornou a maior marca registrada pelo sistema desde 2019.

“O ano de 2024 destacou-se como um período atípico e alarmante do fogo no Brasil, com um aumento expressivo na área queimada em quase todos os biomas, afetando especialmente as áreas florestais, que normalmente não são tão atingidas”, explica Ane Alencar, diretora de Ciências do IPAM e coordenadora do MapBiomas Fogo.

O cenário é atribuído aos efeitos acumulados de um longo período seco que afetou grande parte do País e que estão associados ao fenômeno El Niño, que entre 2023 e 2024 foi classificado como de intensidade moderada a forte. Assim, com a baixa umidade, a vegetação ficou mais suscetível ao fogo.

“Os impactos dessa devastação expõem a urgência de ações coordenadas e engajamento em todos os níveis para conter uma crise ambiental exacerbada por condições climáticas extremas, mas desencadeada pela ação humana como foi a do ano passado”, acrescenta a especialista.

De acordo com o levantamento, entre as áreas de uso agropecuário, as pastagens se destacaram, com 6,7 milhões de hectares queimados entre janeiro e dezembro do ano passado.

Distribuição do fogo

Em 2024 o Pará foi o estado que mais queimou no ano passado, com 7,3 milhões de hectares ou 24% do total nacional. Em seguida vêm Mato Grosso e Tocantins, com 6,8 milhões e 2,7 milhões de hectares, respectivamente. Juntos, esses três estados responderam por mais da metade (55%) da área queimada em todo o ano passado.

Entre os municípios, São Félix do Xingu (PA) e Corumbá (MS) registraram as maiores áreas queimadas em 2024, com 1,47 milhão de hectares e 841 mil hectares queimados, respectivamente.

Em dezembro, os três estados que mais queimaram foram o Pará (407 mil hectares), o Maranhão (296 mil hectares) e o Amapá (121 mil hectares). E os três municípios com maior área queimada foram: Porto de Moz (PA), com 41 mil hectares, Almeirim (PA), com 37 mil hectares, e Tartarugalzinho (AP), com 32 mil hectares queimados.

 

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