Por Vinicius Marques
Você sabia que o fogo pode ser utilizado para reduzir o risco de grandes incêndios em períodos de estiagem? O chamado Manejo Integrado do Fogo (MIF) tem sido cada vez mais estudado como um sistema de conservação de ecossistemas e aguarda pela aprovação de sua política nacional, instituída pelo projeto de lei 11276/2018.
Uma das principais frentes de pesquisa da queima prescrita está se desenvolvendo na maior Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do país, no Sesc Pantanal, com a parceria do ICMBio. Segundo Cristina Cuiabália, gerente de Pesquisa e Meio Ambiente do Polo Socioambiental do Sesc Pantanal, os primeiros passos para aplicar o Mif no combate e prevenção de incêndio vêm sido discutidos já desde 2018, em parceria com o Ibama.
“Tivemos os incêndios de 2020 que nos mostraram que precisávamos, de fato, iniciar os experimentos, para que pudéssemos reduzir os riscos de queimadas em grandes proporções”, diz Cuiabália, em entrevista exclusiva ao Gigante 163.
O trabalho, segundo Cuiabália, foi feito com extremo rigor técnico e envolveu profissionais de diversos setores, dentre eles brigadistas, analistas e guarda-parques. Os pesquisadores agora aguardam os resultados dos experimentos conduzidos.
Além da RPPN de Mato Grosso, o projeto também se estendeu para outras duas áreas do país em Mato Grosso do Sul. “O principal objetivo do estudo é instrumentalizar o que já temos de normativas a respeito do MIF no Brasil”, diz.
Como a queima prescrita funciona na prevenção a incêndios do Pantanal?
Para promover o incremento de biodiversidade e a conservação de ecossistemas, o experimento feito no Pantanal escolheu realizar o manejo do fogo, principalmente, em áreas de campo aberto, com o intuito de barrar o crescimento de vegetação nesses espaços. Assim, os riscos de grandes incêndios são reduzidos em períodos de seca e há o estímulo para o crescimento da biodiversidade característica desses locais.
“A gente também quer proteger vegetações mais vulneráveis, que têm menos resistência ao fogo”, explica Cuiabália. “Então fazemos algumas áreas “tampão” para conservar essas zonas sensíveis.”
O que é o MIF (Manejo Integrado do Fogo)?
“O manejo integrado do fogo é uma estratégia de gestão ambiental adaptada a cada condição local, que visa reduzir as condições para a ocorrência de grandes incêndios florestais, restaurar o papel ecológico do fogo nos ecossistemas e vegetações que evoluíram com o fogo, aceitando os incêndios naturais provocados por raios, dentro de limites, e promovendo queimadas prescritas controladas em ecossistemas e vegetações adaptadas ao fogo para reduzir o acúmulo de biomassa vegetal seca e para promover maior heterogeneidade espacial das paisagens”.
Assim define o MIF o professor do departamento de ecologia da Universidade de Brasília Bráulio Dias, em reportagem do ISPN (Instituto Sociedade, População e Natureza)
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