Por André Garcia
Parceria, boa vontade e criatividade têm sido as apostas do projeto Virada Ambiental para garantir o reflorestamento de mais de 1.600 hectares de Cerrado, área maior que a de capitais como São Paulo (PI) ou Teresina (PI). Só no estado de Goiás, berço da iniciativa, idealizada pela Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás (UFG), foram plantadas mais de 1 milhão de árvores nos últimos quatro anos.
Em entrevista ao Gigante 163, o coordenador da Virada Ambiental, Emiliano Lobo Godoi explica que o trabalho é focado na recuperação de bacias de captação para abastecimento público de água. Como segunda opção, vêm as Áreas de Preservação Permanente (APPs).
“A escolha do Cerrado é estratégica, porque a situação do bioma é preocupante e tudo que temos visto sobre ele é negativo. Então esta é uma possiblidade de revertermos isso, por meio de um projeto que tem um viés de política pública de preservação, mais do que simplesmente de plantio de árvores”, disse.
O plantio de espécies como Ipê, Jacarandá, Aroeira e o Jatobá serve como pano de fundo para a educação ambiental, já que, para além da distribuição de mudas, há capacitações mensais oferecidas aos gestores sobre políticas públicas voltadas ao setor.
“Tratamos sobre licenciamento ambiental, manejo, dentre outros. Há um viés de educação ambiental que vai muito além do plantio das mudas”, destaca o professor da UFG.
Com formação em Agronomia e Planejamento e Gestão Ambiental, Emiliano explica que as aulas são ministradas por professores da Universidade e técnicos da AgênciaGoiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater).
Parcerias
Godoi reforça ainda que a ação não se limita à época de plantio, no mês de novembro, uma vez que, ao longo do ano é realizado trabalho de coleta de sementes, formação de mudas, manejo e transporte dentre outros. Processos que se mantêm por meio de parcerias com a iniciativa pública e privada.
Foi desta forma que a Virada Ambiental já alcançou 206 dos 246 municípios goianos, chegando também a outros sete estados e três países: Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, além de Chile, Portugal e Espanha.
Sobre a expansão da Virada Ambiental para outros estados do Cerrado, como Mato Grosso e Tocantins, ele explica que participação é garantida por meio da assinatura de termo de adesão voluntária dos interessados. Ou seja, só depende da vontade dos agentes destas regiões.
“Esse parceiro local pode ser uma prefeitura, um sindicado rural, associações ou mesmo a iniciativa privada. Aqui em Goiânia, por exemplo, tem uma loja de motos que doa uma muda para cada moto vendida. Também temos como parceira uma loja de produtos agropecuários na qual os produtores indicam regiões que podem ser recuperadas.”
Para este ano, segundo Lobo, a meta é atingir pelo menos um município de cada estado do país.
“Se pensarmos no valor das mudas, que custam cerca de R$ reais, é um preço pequeno para as instituições. O que vale mais é o resgate do serviço ambiental. A Virada Ambiental traz a percepção que ações simples e boa vontade trazem resultados efetivos para o bioma onde são realizadas”, conclui.
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