Por André Garcia
A utilização de bioinsumos não é novidade para o produtor de Mato Grosso. Com base no controle biológico e na fixação de nitrogênio no solo, os produtos barateiam a produção garantindo, a partir de tecnologias sustentáveis, eficiência no controle de pragas e na fertilização. Em ascensão, este mercado vem movimentando bilhões de reais e promete ocupar cada vez mais espaço nas lavouras.
Para entender melhor estes benefícios, o Gigante 163 elencou sete vantagens desta proposta junto à bióloga, doutora em Fisiologia e Bioquímica de Plantas Rafaella Felipe e ao engenheiro agrônomo e especialista em Agroecologia e Produção Orgânica da Empaer Rogério Leschewitz.
Independência de insumos químicos
Além de reduzirem os custos de produção, processos como a utilização de insetos predadores em vez de grandes quantidades de pesticidas garantem mais sustentabilidade e menor impacto ambiental. Rafaella resume o conceito.
“É qualquer produto, processo ou tecnologia que tem origem biológica sendo ela animal, vegetal ou microbiana, sejam fungos ou bactérias, para uso na produção, armazenamento ou beneficiamento nos sistemas agrícolas, florestais e aquáticos”, diz.
Redução de custos
Esses insumos podem ser produzidos dentro das propriedades. No ano passado, a Solubio, umas das principais empresas brasileiras ligadas à agricultura com bioinsumos, estimou uma economia mínima de 40%, podendo chegar até a 70% a partir da adoção da prática.
Além disso, é importante lembrar que o Brasil possui centros de pesquisa que se dedicam ao tema, como a Embrapa. Logo, a transmissão de descobertas e tecnologias pode garantir preços ainda mais competitivos.
“Os biofertilizantes, que a agroecologia já fabrica há muito tempo, agora estão entrando com força também na agricultura convencional. Esta é uma grande oportunidade para o produtor”, avalia Rogério.
Sustentável do início ao fim
Devido à baixa toxicidade de todos os processos envolvendo sua produção e armazenamento, os bioinsumos não causam desequilibrios.
“Em comparação com os agrotóxicos, que tem esse grande problema dos resíduos refletido tanto no produto final quanto no meio ambiente, onde ele é despejado, eles são muito melhores”, afirma ele.
Manejo integrado de pragas ou doenças
Esses insumos são também os ativos voltados à nutrição, os promotores de crescimento de plantas, os mitigadores de estresses bióticos e abióticos e os substitutivos de antibióticos.
“Eles auxiliam muito na qualidade do solo, e, consequentemente, no controle de doenças, no enraizamento e no desenvolvimento. Ou seja, são muito mais saudáveis para a planta”, aponta o engenheiro agrônomo.
Podem ser feitos nas próprias fazendas
Quer um exemplo? Rogério cita um insumo feito à base de bacillus subtilis, bactéria encontrada no esterco bovino.
“O esterco é riquíssimo nesse tipo de bacilos, que controlam várias pragas nematóides e auxiliam no desenvolvimento das culturas. Utilizando as técnicas corretas, é possível multiplicar esse microrganismo na própria fazenda.”
Autonomia para os pequenos
Embora a produção de bioinsumos seja relevante para toda a agricultura brasileira, setores como a agricultura orgânica e a familiar têm especial interesse no assunto. Os motivos são, é claro, a redução na dependência de insumos importados e a ampliação da oferta de matéria-prima.
Para Rafaela, este é um dos pontos fundamentais no debate.
“As grandes propriedades hoje já investiram milhões em laboratórios e profissionais capacitados, mas sabemos que essa é uma realidade de uma pequena parcela de produtores.”
Fortalecimento do mercado local
Até o ano passado, cerca de 70% do potássio utilizado na produção de fertilizantes químicos para a agricultura brasileira era importado, principalmente da Rússia. Enquanto as sanções internacionais impostas ao país após o conflito com a Ucrânia impactam toda a produção agrícola mundial, é possível produzir contando apenas com fornecedores locais.
Cuidados
Seja qual for a forma de produção de um bioinsumo, é obrigatório garantir sua qualidade e eficácia, bem como tomar medidas sanitárias e de boas práticas de fabricação e de uso seguro. Portanto, mesmo diante de todos os benefícios mencionados, tanto Rogério quanto Rafaela destacam que a produção deve respeitar sempre normas de qualidade e os protocolos de segurança microbiológica.
“Há certas bactérias e fungos que apresentam riscos para a lavoura quando não manuseados da forma correta. Ao invés de multiplicar uma bactéria benéfica, você pode multiplicar um patógeno, por exemplo”, diz a bióloga.
Tecnologia como aliada
Frente ao crescimento da demanda por estes produtos, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) desenvolveu um aplicativo que mostra ao usuário as opções de bioinsumos cadastrados no Catálogo Nacional de Bioinsumos. A tecnologia ajuda fornecedores e usuários de insumos biológicos a encontrar produtos seguros e com procedência. Para baixar, basta clicar AQUI.
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