O crescimento de casos de contaminação por agrotóxicos teve um crescimento de quase dez vezes, no primeiro semestre de 2024, em relação ao mesmo período do ano passado. As 19 ocorrências em 2023 saltaram para 182 agora. Este tipo de violência, em específico, está inserido nos conflitos pela terra, pela água e na violência contra a pessoa, e faz parte do relatório divulgado pela Comissão da Pastoral da Terra na segunda-feira,2/12.
O Brasil despeja mais de um milhão de toneladas de agrotóxicos nas lavouras por ano, o que daria, em média, cinco quilos de veneno agrícola por pessoa, segundo levantamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca). De acordo com o Inca, os trabalhadores expostos aos produtos são os mais afetados, com doenças que podem causar a morte. Mas eles não são os únicos. As comunidades vizinhas às propriedades rurais onde os químicos são utilizados sofrem com a contaminação do ar e da água.
De acordo com Costa, entre março e maio, aumenta a pulverização aérea (aplicação de produtos químicos em áreas agrícolas por meio de aviões ou drones) em regiões do Matopiba. Formada por partes dos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, a região é importante produtora de soja no Brasil.
“É o período de secagem da soja, por isso, alguns fazendeiros usam produtos químicos para fazer com que a lavoura seque ao mesmo tempo, e a colheita ocorra em dias próximos”, disse Ronilson Costa, da coordenação da CPT, ao g1.
Além de fazer mal à saúde, o agricultor brasileiro tem perdido dinheiro com defensivos, como mostram estudos sobre produtividade e uso de agrotóxicos. Os Estados Unidos, que usaram 63% menos agrotóxicos que os brasileiros na safra 2021 produziram 380 milhões de toneladas de milho, 71% a mais que o Brasil.
Costa afirmou que a expansão das áreas de monocultura de soja, milho e algodão, especialmente no Maranhão, onde se concentram a maioria dos casos (156),contribuiu com o aumento de cass de contaminação.
Violência no campo
Embora com números altos, o primeiro semestre de 2024 apresentou menos vítimas da violência no campo em relação ao mesmo período no último ano, de acordo com o relatório da CPT. Ao todo, foram registradas 1.056 ocorrências de conflitos no campo, sendo 872 conflitos pela terra, 125 conflitos pela água e 59 casos registrados de trabalho escravo.
Os estados com mais registros de vítimas de violência contra a pessoa no primeiro semestre de 2024 foram Pará, Maranhão e Bahia. Quanto às mulheres vítimas de violência no campo, os maiores registros vêm do Pará, Maranhão e Mato Grosso.