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COP 27: Desmate pode reduzir 1/3 da vazão das águas dos rios do Cerrado

COP 27: Desmate pode reduzir 1/3 da vazão das águas dos rios do CerradoRios tiveram em média 15% de diminuição em sua vazão de água. Foto: Secom-MT

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Berço das águas, responsável pelo abastecimento hídrico e da geração de energia de boa parte do País, o Cerrado não tem sido tratado como deveria. O bioma tem sofrido constantemente com desmatamento, o que fez com que ele perdesse 47% do seu território por causa do desmatamento.

Um estudo inédito, comando pelo geógrafo Yuri Salmona, pesquisador e diretor do Instituto Cerrados, se debruça agora sobre os impactos do desmatamento desenfreado nos rios do bioma, segundo maior do País.

O estudo acende um sinal de alerta: cerca de 95% das 81 bacias hidrográficas tiveram em média 15% de diminuição em sua vazão de água, de 1985 até hoje.

“Ou seja, 19.7 mil metros cúbicos por segundo, oito vezes a vazão do rio Nilo”, exemplifica Salmona.

E a tendência é piorar: um terço do volume de águas tende a ser perdido até 2050, se nada for feito para impedir  a destruição desenfreada do bioma.

Os números foram apresentados durante um painel sobre o Acordo UE-Mercosul e seus desafios econômicos, socioambientais e climáticos, no Brazil Climate Hub, na COP27, que acontece no Egito. O Cerrado brasileiro, segunda maior frente de desmatamento do planeta, esteve no centro do debate.

“Passou da hora de a gente entender que isso é um sinal vermelho,  que precisamos tratar a gestão da água e do desmatamento, ou seja, da gestão do território e do clima, de forma combinada. Nós temos que tratar isso com políticas públicas que entendam isso de forma conciliada. E mais do que isso, tendo em vista que o Cerrado é um grande exportador de commodities, em especial carne e soja, temos que pensar numa responsabilidade compartilhada com esses principais compradores dessas commodities”, ressaltou

Para o geógrafo, o Cerrado em pé mantém os insumos necessários para a própria produção agropecuária, que são a água e a regularidade climática. Não deter o desmatamento é, portanto, inviabilizar o agronegócio.

“O Cerrado é um exportador de água virtual que vai escondida dentro das suas commodities. O bioma tem um  impacto local não lastreado por uma demanda global por commodities. Isso deve ser levado em consideração”, afirma “Precisamos de compromissos sólidos para a frear o desmatamento e que estimulem a produção da biodiversidade do Cerrado”.