HomeEcologia

COP-28: Bioeconomia amplia produtividade e evita colapso climático

COP-28: Bioeconomia amplia produtividade e evita colapso climáticoParticipação de produtores é prioritária. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

BNDES suspende várias linhas de crédito do Plano Safra 2022/23
Incluir pequeno produtor é base de sistema alimentar resiliente, diz ONU
Fertilizantes e corretivos aumentam custo de produção da soja em MT

Por André Garcia 

Aposta de produtores da América Latina e Caribe, a bioeconomia tem resultado no aumento da produtividade nos últimos anos. Agora, mais do que nunca, as estratégias se mostram indispensáveis para evitar que ecossistemas como a Amazônia cheguem ao ponto de não retorno e que o planeta entre em colapso.

A questão foi discutida na sexta-feira, 8/12, durante a COP 28, em Dubai, no pavilhão “Casa da Agricultura Sustentável das Américas”, do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). Lá, especialistas falaram sobre o potencial da região, rica em recursos naturais.

Para o diretor geral do IICA, Manuel Otero, por exemplo, a bioeconomia é uma ferramenta ideal para os países latino-americanos, que devem deixar de lado uma matriz de produção primária e alcançar o desenvolvimento em harmonia com o meio ambiente. Para ele, alguns exemplos disso já estão acontecendo.

“Estamos reduzindo emissões de gases de efeito estufa e sequestrando mais carbono no solo, o que demonstra que a agricultura da nossa região está alinhada com os esforços globais de mitigação da mudança do clima e é parte da solução aos desafios que enfrentamos”, disse.

Em um cenário de expansão destas práticas, a participação dos agricultores deve ser prioritária. Foi o que destacou Marcello Brito, secretário executivo do Consórcio Amazônia Legal, proposta que integra os nove estados da Amazônia brasileira com a missão de promover o desenvolvimento sustentável de forma integrada e cooperativa.

“Temos 70 milhões de hectares dedicados à agricultura, e 140 milhões de hectares de pastos. A média pecuária é de menos de uma vaca por hectare, o que mostra ineficiência. Conforme a tecnologia da pecuária cresce e aumenta a produtividade, abre-se espaço para mais cultivos.”

Saúde do solo e compensação

Neste contexto, o cientista Rattan Lal, maior autoridade mundial em ciências do solo e Prêmio Mundial da Alimentação em 2020, chamou a atenção para a saúde do solo, essencial para o cumprimento de boa parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos como parte da Agenda 2030.

Ou seja, sem isso, será impossível pensar no fim da pobreza, no acesso universal à água limpa e à proteção da vida dos ecossistemas terrestres. Assim, entre as ferramentas que podem garantir a saúde do solo, Lal apontou a agricultura regenerativa, a agricultura digital e a inteligência artificial para cuidar da saúde do solo.

“O nexo entre a saúde do solo e a saúde humana é fundamental, pois os alimentos vêm de um solo saudável. O solo é como uma conta bancária na qual se aplica a lei do retorno. Se sequestramos carbono, os ganhos superam as perdas. Em compensação, se o solo perde carbono, acontece o contrário”, explicou o laureado cientista.

Lal também falou sobre a necessidade de que o carbono sequestrado nos solos pelos agricultores que realizam boas práticas seja reconhecido como um commodity que pode ser direcionado aos mercados, da mesma maneira que os grãos e a carne.

“É uma maneira de empoderar os agricultores para que produzam mais com menos recursos naturais. Se fizermos mudanças em nossos modos de produção e de consumo, será possível frear a mudança do clima, e a agricultura precisa ser uma solução”, acrescentou.

Lucratividade

Como já mostramos, a adoção de modelos da bioeconomia pode resultar em aumento anual de pelo menos R$ 40 bilhões no PIB da Amazônia Legal (AML), além de garantir o crescimento de todos os setores, incluindo a agropecuária. Jà o PIB brasileiro totalizaria R$ 14,658 trilhões, valor 35% maior que os R$ 9,9 trilhões registrados em 2022

De acordo com o estudo “Nova Economia da Amazônia”, lançado em junho, pelo instituto de pesquisa WRI, os números incluem a geração 312 mil empregos, 81 milhões de hectares em florestas adicionais e estoque de carbono 19% maior em comparação ao modelo atual de desenvolvimento.

 

LEIA MAIS:

Países da Pan-Amazônia recebem guia para fortalecer bioeconomia na região

Estados debatem bioeconomia e sustentabilidade na Amazônia Legal

Líderes de nove países defendem pacto pela bieconomia na Amazônia

Bioconeomia pode elevar PIB da Amazônia Legal para R$ 40 bi

Países da Amazônia discutem criação de rede de bieconomia

Amazônia Legal terá recursos para projetos de bioeconomia