Por André Garcia
Neste domingo, 10/12, as discussões Conferência do Clima (COP28) que acontece em Dubai (Emirados Árabes), foram direcionadas aos sistemas alimentares. Responsáveis pela emissão de 1/3 das emissões globais de gases do efeito estufa (GEE), esses mesmos sistemas também estão entre os setores da sociedade mais afetados pelas mudanças climáticas.
Diante disso, o desafio de conciliar a segurança alimentar, energética e climática abriu os debates do Dia do Agro, painel realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Na ocasião, o vice-presidente de Relações Internacionais da CNA, Gedeão Pereira, apontou o papel chave do País no futuro do planeta, especialmente considerando que a maior parte da população mundial viverá em países importadores de alimentos nas próximas décadas. Segundo ele, o Brasil “será a maior agricultura do mundo em 2035”.
Pereira, lembrou o crescimento da agropecuária brasileira graças à tecnologia adotada nas propriedades, o que trouxe aumento muito acima da abertura de novas áreas, especialmente nas últimas décadas, reforçando o compromisso do produtor rural com a sustentabilidade.
“Não há como se discutir meio ambiente sem segurança alimentar”, destacou.
Para o coordenador-geral de Mudanças Climáticas e Agropecuária Conservacionista do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Adriano Santhiago, a agropecuária é parte da solução para as questões de mitigação e adaptação às alterações do clima. Neste contexto, citou políticas públicas voltadas à agricultura de baixa emissão de carbono.
Além disso, destacou que as discussões não devem se limitar apenas à questão do aumento da temperatura do planeta, sendo necessárias ações de financiamento e apoio dos países desenvolvidos às nações em desenvolvimento.
Pressão por mudanças
No evento de abertura deste dia temático, Marian Almheiri, ministra das Alterações Climáticas e Ambiente dos Emirados Árabes Unidos e líder do sistema alimentar para a COP28, anunciou que 152 países assinaram a Declaração dos Emirados sobre Agricultura Sustentável, Sistemas Alimentares Resilientes e Ação Climática, comprometendo-se a integrar os alimentos nos seus planos climáticos até 2025 – no início da conferência, eram 134.
Essa quantidade de países representa 5.9 bilhões de pessoas, 518 milhões de agricultores, 73% de toda a comida consumida no mundo e 78% dos gases de efeito estufa gerados no setor de alimentação.
“O dia de hoje marca um ponto de virada, incorporando a agricultura sustentável e os sistemas alimentares como componentes críticos tanto para enfrentar as alterações climáticas como para construir sistemas alimentares adequados para o futuro. Juntos, proporcionaremos mudanças duradouras para as famílias, os agricultores e o futuro”, disse Mirian.
Ela também mencionou avanços em investimentos, parcerias e sprints de inovação, além da meta nacional de reduzir o desperdício de comida em 50% até 2030. Dos $83 bilhões de dólares mobilizados até o momento durante a conferência, $3.1 bilhão serão destinados aos sistemas alimentares para apoiar a segurança alimentar e o combate às mudanças climáticas.
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