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Critérios de sustentabilidade podem impulsionar investimentos chineses

Critérios de sustentabilidade podem impulsionar investimentos chinesesEntendimento comum conectaria cadeia brasileira a de outros países. Foto: Embrapa

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Por André Garcia

O Brasil é o maior destino de investimentos chineses na América Latina, respondendo por 47% do total aplicado pelos chineses na região. A porcentagem pode crescer ainda mais com o avanço da produção rural sustentável brasileira, o que atrairia mais investimentos e financiamentos ao setor.

Para isso, a consultoria Climate Bonds Initiative (CBI) mostra que é preciso estabelecer critérios claros para as estratégias da economia verde adotadas pelos dois países, o que ampliaria a confiança dos empresários e o fluxo de capital para projetos. Essa definição, chamada “taxonomia harmonizada”, é crucial para a agropecuária brasileira.

“À medida que a cadeia de valor de commodities verdes e leves da China continua a melhorar, os investimentos e o comércio chineses na agricultura brasileira ampliarão as regulamentações e os requisitos relacionados ao desmatamento e à conversão de terras para mitigar os riscos na cadeia de valor agrícola”, diz trecho do estudo.

Além do mais, um entendimento comum sobre os benefícios de comprar de cadeias sustentáveis conectaria a cadeia produtiva brasileira a de outros países, aumentando sua influência e atraindo mais capital internacional.

Mas, para se chegar a este ponto, é preciso superar questões relacionadas às metas climáticas, à resiliência co clima e à conservação da biodiversidade. No caso da agricultura, os critérios devem defender o princípio DNSH, que enfatiza a minimização dos impactos negativos sobre o meio ambiente e os ecossistemas durante a produção.

Neste contexto, a primeira recomendação da CBI é a criação de um quadro colaborativo entre os bancos centrais de China e Brasil para práticas, investimentos e atividades de financiamento da produção. O relatório destaca também a necessidade de priorizar áreas-chave e intensificar inovação, pesquisa e desenvolvimento de tecnologias.

Fluxo de capital

Feita esta harmonização, a consultoria também faz sugestões para potencializar os ganhos da parceria sino-brasileira. Uma delas é a criação de um fundo especial China-Brasil para a agricultura verde, empréstimos soberanos, subsídios e concessões fiscais, a fim de se reduzir os custos e os riscos das transações e atrair recursos.

Todo o fluxo de dinheiro teria como prioridade a agricultura de baixo carbono e agricultura adaptável e resiliente ao clima, uma vez que o objetivo é trazer mais negócios de grande porte para o mercado de títulos verdes.

“Deve-se dar atenção especial aos principais tópicos, como a descarbonização do uso do solo, o aproveitamento do potencial dos sumidouros de carbono das florestas, o sequestro de carbono agrícola, o papel do sistema de comércio de carbono, a garantia da rastreabilidade na cadeia de valor agrícola e a conservação da biodiversidade.”

A perspectiva só reforça uma vocação já desenvolvida pelos parceiros. Em 2022, a China se tornou o maior mercado de títulos verdes do mundo, com tendo emitido RMB 575,2 bilhões (US$ 85,4 bilhões). Já o Brasil se destaca como um dos líderes do setor da América Latina: até o final de 2022, US$ 31 bilhões em títulos do tipo.

Para impulsionar a parceria, a CBI propõe ainda a criação de agências que ofereçam serviços de balcão único para informações, orientação e assistência, simplificando o processo de investimento. As sugestões incluem ainda a melhora no diálogo com outros países, como os que formam os blocos do BRICS e a Cooperação Sul-Sul, por exemplo.

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