Nas últimas três décadas, as mudanças climáticas potencializaram o aumento de chuvas e temperatura do País — e ao que tudo indica, eventos extremos (como de precipitação intensa e estiagem) serão mais recorrentes no Brasil nos próximos anos. É o que diz a nova edição das Normais Climatológicas 1991-2020, lançada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) na quarta-feira, 23/3.
Em Diamantino (MT), por exemplo, ao comparar os dados das três edições do estudo (1961-90; 1981-2010 e 1991-2020), observamos que o valor de precipitação acumulada anual cresceu 10,8%, passando de 1.735,7 mm na primeira edição do documento, para 1.923,2 nas décadas de 1991-2020. A elevação também pode ser observada em Cuiabá, passando de 1.342,3 em 1961-81 para 1.516,1 nas últimas três décadas — 12,9%.
De acordo com os especialistas do Inmet, a intervenção humana é uma das responsáveis mais prováveis pelo comportamento das variáveis meteorológicas ao longo das décadas e, consequentemente, pelas mudanças climáticas observadas.
“Segundo os especialistas do INMET, os eventos extremos de chuvas na Bahia e em Petrópolis (RJ), ocasionados entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022, bem como a onda de calor que marcou a Região Sul no mesmo período, aconteceram em decorrência das novas variabilidades climáticas. Por isso, nasceu a necessidade do lançamento de uma nova edição das normais climatológicas”, aponta o Instituto, em informe de lançamento.
O compilado de dados apresenta os valores médios das variáveis meteorológicas das últimas três décadas, compreendendo o período de 01 de janeiro de 1991 a 31 de dezembro de 2020. O documento, segundo o Instituto, pode ajudar o produtor rural a aplicar o zoneamento agroclimático, “ferramenta que possibilita implementar um determinado cultivo em uma dada região, considerando o risco climático da mesma”.
“[A nova edição] tem o objetivo de proporcionar orientação, informação e assistência à comunidade científica, ao agronegócio e às instituições públicas e privadas nacionais e internacionais sobre o clima no Brasil”, diz o Inmet.
No total, o estudo traz registros de estações, evaporação, insolação, nebulosidade, precipitação, pressão atmosférica, temperatura, umidade relativa, vento e evapotranspiração de municípios brasileiros.