Por André Garcia
O desmatamento na Amazônia caiu 45,7% de agosto de 2023 a julho de 2024, a maior queda proporcional já registrada para o período, segundo dados do sistema Deter-B, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Divulgados nesta quarta-feira, 7/8, os dados mostram que a área sob alerta é de 4.314,76 km², a menor desde 2016. Já no Cerrado, houve aumento de 9%, embora com tendência de queda.
Contudo, na comparação com o mês de julho, foram registrados 666 km2 sob alertas de desmatamento no bioma, alta de 33% em relação ao mesmo mês de 2023 (500 km2), após queda de 55% em relação a julho de 2022 (1.487 km²).
A titular do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, chamou a atenção para o período de seca enfrentado pelo bioma, que também causa preocupação por conta do aumento das queimadas.
“Estamos vivendo um período de seca severa, como observamos no Pantanal. E um dos fatores fundamentais para evitar as queimadas é o desmatamento. Imaginem o que poderia estar acontecendo na Amazônia se tivesse sido mantido o que vinha acontecendo nos anos anteriores a 2023”, afirmou.
Ao apresentar os números do Deter, o secretário-executivo do Ministério, João Paulo Capobianco, também elencou a estiagem entre os fatores que contribuíram para os índices de desmate registrados em julho.
“Em todos os anos esse é um período de aceleração do desmatamento. Temos questões atípicas como uma seca intensa e o período eleitoral, que via de regra cria dificuldades nos processos de controle por conta do estímulo à ocupação em muitas áreas. E também tem a greve do Ibama, que traz consequências”, disse.
Capobianco também destacou a reversão de uma curva crescente do desmate na região, herdada do governo anterior.
“A reversão dessa curva é extremamente complexa. No ano passado, no ciclo de agosto de 2022 até dezembro de 2022, estávamos ainda em aceleração do desmatamento, de janeiro a julho de 20023 revertemos a tendência e terminamos o ano abaixo do que estava ali”, afirmou.
Melhora nos estados
Nos últimos 12 meses houve queda em cinco dos nove estados Amazônia Legal: de 63% em Rondônia; 58% no Amazonas; 54% no Acre; 52% em Mato Grosso; e 47,7% no Pará. Além disso, o desmatamento foi reduzido em 53% nos 70 municípios considerados prioritários, que concentram mais da metade do desmatamento na Amazônia.
Do total, 48 aderiram ao programa União com Municípios, do governo federal, que prevê repasses de R$ 785 milhões para ações ambientais, caso haja redução do desmatamento.
Os resultados também incluem queda de 67% na destruição da floresta em Unidades de Conservação, enquanto nas Terras Indígenas (Tis), a porcentagem é de 50%. O avanço, segundo o MMA, tem relação direta com o lançamento, em junho de 2023, do novo Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm).
Vale destacar que os números do Deter são um indicativo de tendência da taxa anual de desmatamento, medida sempre de agosto a julho por outro sistema do Inpe, o Prodes, que usa imagens de satélites mais precisas.
LEIA MAIS:
Fumaça das queimadas da Amazônia avança para o sul do Brasil
Combate a crimes ambientais na Amazônia na mira dos EUA
Fogo cresce 43% na Amazônia e quebra recorde de quase 20 anos
Desmate em área protegida na Amazônia é o menor em 10 anos
Como o Centro-Sul impacta no desmatamento da Amazônia
Justiça bloqueia R$ 292 milhões de acusado de desmatar a Amazônia