O Observatório do Clima divulgou uma nota técnica sobre os desafios para a implementação dos compromissos do Brasil sob o Acordo de Paris. O documento analisa a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) revisada em setembro passado pelo governo federal, que retificou a “pedalada climática” imposta pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e estabeleceu uma meta de redução de 48% das emissões de gases de efeito estufa do país até 2025.
A principal barreira para o Brasil cumprir seu objetivo está naquele que é seu “calcanhar de Aquiles” na equação do carbono – o desmatamento. De acordo com o OC, o país precisa reduzir sua taxa de desmate em pelo menos 50% nos próximos dois anos em relação àquela observada em 2022 (11.594 km2) para viabilizar essa meta.
A nota técnica lembra que o Brasil já conseguiu fazer uma redução dessa proporção na taxa de desmatamento no passado, especialmente nos primeiros anos de implementação do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm) em meados da década de 2000.
“Em 2005, a taxa caiu 31% (de 27.772 km2) para 19.014 km2. Em 2006, mais uma queda, de 25%, para 14.266 km2. Em apenas dois anos, portanto, o desmatamento foi reduzido em 48,5%”.
Os números do desmatamento em 2023 animam. Entre janeiro e setembro, os alertas de desmate registrados pelo sistema DETER/INPE tiveram uma redução de 49,4% em relação ao mesmo período no ano passado. O desafio do poder público está em manter uma redução sustentada e crescente nos próximos anos para reverter o quadro de descontrole da última década e viabilizar outro objetivo do Brasil sob o Acordo de Paris – zerar o desmatamento até o final da década.