Neste 5 de setembro se celebra o Dia da Amazônia. Não há muitos motivos para comemorar, já que o bioma vive atualmente uma das secas mais intensas de sua história e um número recorde de queimadas. Uma combinação de altas temperaturas, chuvas abaixo da média histórica, logo após um ano extremamente seco, trazem prognósticos pessimistas para os próximos meses na região.
Mas a data pode servir para uma reflexão. A Amazônia desempenha um papel fundamental justamente para o enfrentamento da crise climático global e na preservação da biodiversidade. É no bioma também que está a chave para o desenvolvimento sustentável, que passa, invariavelmente, pela bioeconomia.
“A bioeconomia é a chave para desbloquear o potencial econômico da região, preservando seu patrimônio ecológico e, como tal, precisa estar no centro de qualquer plano de desenvolvimento sustentável e inclusivo. Precisamos preservar a Amazônia não só pelas consequências de uma eventual perda, mas também pelo que ela pode oferecer viva”, já disse Vanessa Pérez, diretora global de economia do World Resources Institute (WRI).
Como já mostrado pelo Gigante 163, a adoção de modelos da bioeconomia pode resultar em aumento anual de pelo menos R$ 40 bilhões no PIB da Amazônia Legal (AML), além de garantir o crescimento de todos os setores, incluindo a agropecuária. Os dados são do estudo Nova Economia da Amazônia, do instituto de pesquisa WRI.
Segundo o levantamento, além de acréscimo de 35% ao PIB nacional, a região também contaria com a geração de 312 mil empregos a mais, 81 milhões de hectares em florestas adicionais e estoque de carbono 19% maior em comparação ao modelo atual de desenvolvimento baseado em atividades intensivas em desmatamento e emissões.
Para alcançar estes números, o País precisa apostar em atividades competitivas e inclusivas e a agropecuária, hoje principal setor econômico brasileiro, deve apertar o passo se quiser se livrar da degradação florestal e garantir sua relevância até 2050.
Os serviços ambientais da floresta saudável gerariam maior produtividade da terra, menor suscetibilidade ao estresse hídrico, e menor perda de fertilidade do solo, que impulsionariam o setor, permitindo crescimento através de capital e trabalho e não de novas terras.
Afinal, o valor de manter a Floresta Amazônica em pé é cerca de sete vezes superior ao lucro que pode ser obtido por meio de diferentes atividades de exploração econômica da região, já demonstrou um estudo do Banco Mundial.