As emissões de metano, um gás de efeito estufa 80 vezes mais potente que o dióxido de carbono, estão subindo a uma taxa preocupante. É o que mostra um estudo do Global Carbon Project (GCP) que acendeu o alerta para o crescimento das emissões desse gás, que atingiu níveis históricos na atmosfera e agrava ainda mais as mudanças climáticas.
As atividades econômicas são responsáveis por dois terços de todo o metano liberado na atmosfera. As principais fontes de emissões são a pecuária, a produção de combustíveis fósseis, os aterros sanitários e outras formas de deposição inadequda de resíduos.
A pesquisa mostra que os níveis do gás na atmosfera estão acompanhando os volumes projetados nos piores cenários climáticos. Como o metano retém cerca de 30 vezes mais calor do que o dióxido de carbono em um período de 100 anos, as emissões aceleradas tornarão quase impossível para o mundo cumprir suas metas climáticas, alerta o levantamento.
Rob Jackson, cientista climático da Universidade de Stanford e presidente do GCP, disse ao Washington Post que a elevação da temperatura global além do limite de 1,5°C estabelecido no Acordo de Paris é cada vez mais provável.
“As emissões extra de metano trazem os limites de temperatura cada vez mais perto”, explicou.
O GCP mostra que as emissões de metano causadas por ação humana cresceram até 20% entre 2000 e 2020 e agora representam pelo menos um terço do total de emissões anuais. O maior crescimento veio da expansão de aterros sanitários, da crescente produção pecuária, do aumento da mineração de carvão e do crescente consumo de gás fóssil.
A análise confronta as promessas de mais de 150 países, capitaneados pelo Brasil, para reduzir as emissões de metano em 30% até o final desta década. Em outro estudo, publicado na Environmental Research Letters, pesquisadores do GCP encontraram poucas evidências de que o mundo está cumprindo essas promessas.
Medições de satélite de anos mais recentes revelaram que as emissões de metano cresceram 5% adicionais entre 2020 e 2023, com os maiores aumentos na China, sul da Ásia e Oriente Médio. Segundo os pesquisadores, apenas a União Europeia reduziu significativamente essas emissões nas últimas duas décadas.
Os dados do estudo também foram publicados nas matérias do Los Angeles Times, Live Science, Energy Source & Distribution e Estadão.
Estudos da USP mostram que condições climáticas extremas podem afetar a emissão e a captação de metano na Amazônia, informa o Ciclo Vivo. Temperaturas elevadas e variações de umidade, como chuvas excessivas ou secas, podem aumentar a produção de metano em áreas inundadas e reduzir em até 70% a capacidade das florestas de terra firme de consumir esse gás.
O estudo, publicado na revista Environmental Microbiome, destaca a importância de políticas de conservação e manejo, já que as mudanças climáticas podem alterar o equilíbrio das emissões de metano na região.