A revista Nature publicou na quarta-feira, 15/2, um estudo que mostra que as áreas protegidas na Amazônia brasileira com as maiores densidades populacionais de onças-pintadas estão nos locais mais pressionados pela degradação de habitat causada pelo homem.
De acordo com o estudo, desmatamento, expansão agrícola, incluindo pastagens para gado e terras agrícolas, e incêndios florestais são predominantes nas áreas que abrigam as maiores populações do felino.
Entre os espaços ameaçados, foram identificadas dez áreas protegidas que demandam ações emergenciais para a conservação da onça-pintada amazônica: as terras indígenas Apyterewa (PA), Araribóia (MA), Cachoeira Seca (PA), Kayapó (PA), Marãiwatsédé (MT), Parque do Xingu (MT), Uru-Eu-Wau-Wau (RO), Yanomami (RR), a Estação Ecológica da Terra do Meio (PA) e o Parque Nacional Mapinguari (AM/RO).
O pesquisador Marcelo Oliveira, um dos autores do estudo, ressalta que o levantamento reforça o papel das terras indígenas como santuários para as onças-pintadas e a biodiversidade.
“O futuro das onças-pintadas, mesmo nas regiões neotropicais mais intactas, como a Amazônia, só é seguro em áreas protegidas onde as restrições de uso do solo podem ser rigorosamente aplicadas e só se for possível resistir à pressão política incessante para reduzir o tamanho, recategorizar e extinguir as áreas protegidas. Estes espaços são centrais para a salvaguarda da biodiversidade, mas estão sob múltiplas pressões geopolíticas”, explica.
O que fazer?
Dentre as ações emergenciais sugeridas pelos pesquisadores estão o aumento do financiamento e apoio às áreas protegidas e terras indígenas, especialmente as priorizadas pelo estudo, reforçando a participação dos povos indígenas e comunidades locais nas decisões e gestão dos seus territórios.
Os pesquisadores propõem também a elevação dos recursos para as agências ambientais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), além da implementação de políticas e arcabouços legais fortes que não deixem espaço para a redução, recategorização e extinção das áreas protegidas.
Assinam a pesquisa, a organização não governamental WWF, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) e pesquisadores parceiros.
Fonte: Agência Brasil