O eurodeputado Claude Gruffat, 64, falou que vai pedir suspensão na importação de madeira, soja e ouro “até que as regras da lei estejam estabelecidas e os direitos humanos e do ambiente sejam respeitados”. Ele disse isso após saber dos números do último ano de desmatamento da Amazônia, divulgados nesta sexta-feira, 12/1, pelo Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
De agosto de 2021 até julho de 2022, foram derrubados 8.590,33 km² do bioma, a terceira maior taxa do histórico recente da medição. Foram 1.487 km² só no mês de julho, o que equivale a uma cidade de São Paulo.
“Chegaremos um ponto sem retorno se nós, europeus, não colocarmos um fim na importação de bens provenientes do desmatamento. É o único jeito”, afirmou o eurodeputado francês à Folha.
Membro do comitê para assuntos econômicos e da delegação para relações com o Mercosul do Parlamento Europeu, Gruffat esteve por dez dias na floresta no mês passado, em viagem com as também eurodeputadas Michèle Rivasi (francesa) e Anna Cavazzini (alemã). O objetivo era entender os impactos das exportações brasileiras à União Europeia sobre o desmatamento, o clima, a biodiversidade e os direitos humanos.
Chocado com o que viu, Gruffaut diz se sentir responsável em contribuir na luta para melhorar essa situação, mas que seu papel não é criar penalidades para o Brasil.
“Por outro lado, não queremos ser cúmplices desse desmatamento massivo que causa dano ao planeta”, disse
Claude Gruffat, que afirma ter sentido profunda tristeza com o envenenamento de crianças indígenas pelo mercúrio usado na extração de ouro ilegal, acredita que a viagem o fez entender melhor a importância do problema.
“Num momento em que o problema climático é tão urgente, é apenas coerente não querer contribuir para a redução de uma floresta que é uma das mais importantes redutoras de carbono do planeta.”
O que ele pretende fazer?
- Trabalhar em regulamentações contra a importação de madeira proveniente de desmatamento e na preservação dos povos indígenas.
- Aumentar a fiscalização de empresas europeias operando na Amazônia, especialmente das que trabalham com bens primários.
- Trabalhar para fazer as vozes indígenas serem escutadas —dentro do Parlamento e fora dele, com atuação na imprensa, em eventos e nas redes sociais.
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