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Extremos climáticos estão mais frequentes em Mato Grosso, diz Climatempo

Extremos climáticos estão mais frequentes em Mato Grosso, diz Climatempo

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O clima tem desempenhado um papel indesejado para o produtor de Mato Grosso neste ano. Para complicar a situação, o Departamento de Meteorologia dos Estados Unidos (Noaa) informou no dia 12/8 que a probabilidade de o fenômeno La Niña voltar é de 70%, com graus de impacto distintos para as Regiões do Brasil.

Como o tema tem sido motivo de preocupação do nosso produtor rural, bem como do mercado financeiro e do próprio Ministério da Agricultura, o Gigante 163 consultou dois especialistas do Climatempo. Tanto o meteorologista Pedro Regoto como o agrometeorologista João Castro informaram que a previsão é de ocorrência de extremos de estiagem e chuvas em nosso Estado.

“O clima no Estado do Mato Grosso tem sofrido algumas mudanças. O histórico de dados mostra que, assim como o mundo como um todo, o Mato Grosso está ficando mais quente ao longo do tempo. O efeito do aquecimento é significativo no Estado. Quando falamos no período de estiagem e período de chuva, existem variações importantes”, afirma Regoto.

Castro também confirma que o clima em Mato Grosso tem mudado ao longo das décadas. “O que tem se observado cada vez mais é a irregularidade no regime de precipitação, com alterações até mesmo no início da estação chuvosa”, diz.

Regoto explica que, assim como ocorre na Amazônia, os extremos climáticos estão se tornando mais frequentes em Mato Grosso.

“O que notamos em termos de extremos é um padrão muito parecido com o da Amazônia, onde os extremos estão ficando mais frequentes e até mais severos. Alguns extremos de chuvas, historicamente, estão se elevando e, por outro lado, o período de estiagem tem se prolongado ao longo do tempo. Não é nada para amanhã, mas são tendências estaticamente significativas que têm que ser levadas em conta”, alerta.

Castro acrescenta que os efeitos do fenômeno climático são de alteração da janela de cultivo agrícola no Estado.

“O principal impacto é a alteração na janela de cultivo agrícola, principal atividade econômica do Estado. Alterações nas janelas de cultivo fazem com que determinados cultivos fiquem expostos à condições não apropriadas de precipitação, especialmente na segunda safra”, diz Castro.

Questionado se o ocorrido na última safra foi um fato isolado ou esse tipo de anormalidade no ciclo de chuvas está se tornando mais frequente, Castro afirma que “não é possível afirmar que se trate de uma anormalidade, já que existe uma variabilidade climática que é fruto de um balanço de vários fatores. No entanto, as projeções mostram que a anormalidade na distribuição das chuvas tende a ser maior nas próximas décadas”.

O agrometeorologista alerta que devemos sempre lembrar que o Mato Grosso está inserido no que chamamos de Amazônia Legal e, por isso, toda alteração de bioma em Mato Grosso acaba sendo contabilizado como alteração na própria Amazônia. “Dentro desse contexto, podemos destacar a abertura de novas áreas no Nortão como um dos fatores que impactam o clima, já que ocorre a diminuição da área de floresta da Amazônia Legal”.