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Extremos climáticos: produtores de boas práticas evitam prejuízos

Extremos climáticos: produtores de boas práticas evitam prejuízosTécnicas garantem lucratividade aos produtores. Foto: Embrapa

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Como já mostrado pelo Gigante 163, os extremos climáticos já são considerados por cientistas e por produtores rurais como o ‘novo normal’. Neste cenário, com estiagens cada vez mais frequentes, só quem estiver adaptado às mudanças vai conseguir mitigar seus efeitos, de modo que as boas práticas se tornarão literalmente a salvação da lavoura.

A diversificação de cultivos, ampliação da adubação orgânica e a integração lavoura-pecuária são alguns exemplos dessas estratégias. Elas foram adotadas por Fauro Loreto da Rocha, de Santa Bárbara do Sul (RS), que, em entrevista ao Globo Rural, contou ter conseguido dois anos positivos antes da estiagem de 2020/2021.

Quando ela chegou, os resultados do produtor foram superiores aos de outras propriedades da região. No primeiro ano, ele colheu 55 sacas por hectare – a média nas proximidades ficou entre 40 e 45.

No esquema de rotação trienal que ele adota hoje, o gado pasteja em cada terço da propriedade por um ano. O rebanho bovino, que começou com 20 cabeças, hoje tem 280. Nas áreas em que o gado passou em pastejo, o volume da raiz do trigo de duplo propósito foi quase 40% maior que o das áreas de palhada.

“Cada vez que o gado pasteja, ele corta a planta, e ela enraíza um pouco mais.A raiz da soja é muito preguiçosa. Se tu não tiver uma raiz morta ali na terra, a soja não vai ter força para penetrar no chão”, diz ele ao reforçar que o método garante mais resistência à soja.

No inverno, metade da área é ocupada por trigo regular e de duplo propósito e a outra por aveia, centeio, ervilhaca e triticale. No cultivo de verão, a soja cobre aproximadamente 90% do espaço cultivado, e capim-sudão e rebanho ocupam o restante. Nos anos de seca, a área de pastagem teve uma lotação média de 6,5 cabeças por hectare.

“Em ano bom, a gente pretende fazer dez cabeças por hectare nesse sistema”, conta.

O novo projeto do produtor é o consórcio de culturas. O capim-sudão que começou a nascer no início de outubro foi semeado junto com braquiária. Para a próxima safra de inverno, o plano é plantar ervilhaca junto ao trigo para incentivar a ciclagem de nitrogênio.

Respeito ao solo

O respeito às características do solo foi o que garantiu o resultado satisfatório do produtor e empresário Evandro Martins em Passo Fundo (RS). A redução na safra decorrente da última estiagem foi de menos de 15%, enquanto as perdas de produtores vizinhos passaram de 40%.

A média de soja de 90 sacas por hectare em período sem estiagem caiu para 70 sacas. No milho, perdeu-se 20% do total, distante dos 70% nos casos mais graves na região. As lavouras são cultivadas com manejo conservacionista apoiado pela Embrapa Trigo, com rotação de culturas, palhada e uso de plantas de cobertura no vazio outonal.

“É o que nos dá segurança de reter cinco vezes mais a água da chuva do que no sistema morro acima e morro abaixo. A palhada funciona como um telhado, e o sistema de terraceamento funciona como uma parede”, ilustra.

 Biofertilizantes

Qualificar a adubação para reduzir o desgaste do solo também foi a primeira iniciativa do produtor Fauro Rocha, que passou a adotar as técnicas atuais de manejo na propriedade em Santa Bárbara do Sul. Hoje, ele divide a aplicação meio a meio entre química e biológica.

São cinco toneladas de adubo biológico por hectare – uma mistura de três toneladas de cama de aviário, uma de calcário e uma de pó de rocha rico em silício e cloreto de potássio. O método, que substitui 150 kg de fosfato diamônico (DAP) e 150 kg de cloreto químico, permite uma economia de aproximadamente R$ 500 por hectare.

Ele acredita que o único caminho viável para elevar sua produção de soja a uma média próxima a 100 sacas por hectare é por meio de um solo biologicamente rico e que, para atingir isso, é preciso aprender com o ritmo da natureza.

“O mato não descansa nunca. O que a gente vem fazendo é olhar para o mato tentando trazer o máximo para a nossa realidade”.

Cobertura

Em Nova Rosalândia, Igor Muth adotou duas técnicas de manejo na lavoura de sua propriedade para garantir boa produtividade e dar equilíbrio à produção em um cenário de instabilidades do clima: a construção do perfil de solo e a palhada. Igor chegou à região em 2015 – ano de ocorrência daquele ficou conhecido com o “super El Niño”.

Ele lembra que, na época, as áreas ainda estavam sendo abertas para a plantação. Além disso, não havia estrutura ou correção de solo.

“Foi bastante difícil. Além das condições do terreno, foi um ano com chuvas muito irregulares, o que causou grandes problemas na cultura”, recorda o produtor.

Ele esperava um rendimento de 45 a 50 sacas de soja por hectare na safra 2015/2016, mas conseguiu colher apenas 27 sacas por hectare. De lá para cá, a correção do perfil de solo, com aplicação de calcário e de gesso, e a adoção da palhada – cobertura de solo com braquiárias -, ajudaram a elevar a produtividade para uma média de 60 a 63 sacas por hectare, chegando a 75 sacas por hectare em áreas mais antigas.

O trabalho visa a construir o solo em profundidade para, com isso, corrigir a acidez e buscar o equilíbrio de nutrientes.

A correção de solo é o primeiro passo e, em seguida vem a palhada, que antecede o plantio direto. Usada como cobertura, a palhada ajuda na proteção do terreno, ajuda a manter a umidade e a reduzir a evapotranspiração, o que assegura uma temperatura agradável para a planta.

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