O agronegócio e a população rural não são os únicos afetados pela falta de água. Com mais de 2 bilhões de novos cidadãos urbanos previstos até 2050, as cidades precisam cada vez mais compreender os riscos relacionados a uma crise hídrica, passando a priorizar investimentos que as tornem mais resilientes. Isso significa melhorar a forma como planejam, gerem e mantêm o seu sistema de abastecimento.
Algumas estratégias para isso foram abordadas em publicação desta quarta-feira, 5/6, do Um Só Planeta, que mostra como a recuperação de bacias hidrográficas, armazenamento de água da chuva, expansão do saneamento básico, conservação na agricultura e na indústria são caminhos para proteger esse recurso vital na era dos extremos.
Para começar, é preciso reconhecer como a crise climática tem afetado os ciclos das águas, tanto pelo excesso quanto pela falta. É que destaca o gerente Nacional de Água e Sistemas Alimentares da The Nature Conservancy Brasil (TNC), Samuel Barrêto, ao chamar a atenção para o risco da inação.
“O que está acontecendo, já previsto há muito tempo pelo IPCC e que está se confirmando, é o aumento da frequência e da intensidade desses fenômenos climáticos. Tivemos uma seca fortíssima na Amazônia e enchentes históricas no Rio Grande do Sul: anomalias que chamamos de ‘novo normal’ e que estão acontecendo no mundo todo.”
Além disso, as comunidades, as indústrias e os seus sistemas hídricos, terão de ser melhorados em antecipação a furacões cada vez mais frequentes e significativos, inundações, redes de abastecimento envelhecidas, secas, escassez de água e incerteza climática geral.
Neste contexto, a coordenadora da Plataforma de Ação pela Água e Oceano do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, Marina Rodrigues, destacou o papel da tecnologia.
“Estamos falando de uma plataforma de ação, em que o Pacto junta as empresas e organizações que estão atuando nesse tema para conectar experiências, capacitar as empresas para criar oportunidades de ação coletivas. É uma oportunidade de atuar com base em dados, em estudos, na ciência, nas projeções climáticas.”
Ela reforça que a plataforma garante a troca de boas práticas e cenários, para que as empresas possam, além de preparar seus negócios para cenários extremos, também olhar para os territórios onde atuam.
É o tipo de ação que já vem sendo praticada no Gerdau, por exemplo. Segundo o gerente de Sustentabilidade e Licenciamento Ambiental Alison Frederico Medeiros Ferreira, a empresa tem investido em tecnologia e em programas de recirculação para reduzir o consumo de água em seus processos.
“Esse tema também é avaliado periodicamente nos nossos sistemas de gestão, e realizamos ainda um mapeamento dos aspectos de cenários ambientais, incluindo o estresse hídrico. Todas as nossas unidades realizam monitoramento dos pontos de captação, pontos de distribuição de água interna e consumo em cada área”, garantiu.
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