Falsificar licenças ambientais para ocupar ilegalmente terras. A prática criminosa da grilagem no Cerrado vem acelerando o desmatamento do bioma. Em uma ação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o proprietário da Fazenda Santa Cecília, no Tocantins, foi multado em R$ 1,5 milhão pelo desmatamento ilegal de 314 hectares. O caso foi revelado no programa Profissão Repórter, da TV Globo.
Das quatro autuações, duas correspondiam a danos nas áreas de reserva legal, e outras duas pelas áreas de preservação permanente. As áreas desmatadas foram embargadas pelo órgão.
Quando questionado pelos fiscais do Ibama, Altamiro Vieira da Cunha, dono da fazenda, disse que o erro não foi dele, mas das empreiteiras de quem comprou as terras. O “erro” citado por Cunha corresponde a 50 hectares de terra e que compreende uma área de nascente (considerada áreas de proteção permanente).
A reportagem acompanhou a operação do Ibama, com 40 alertas de desmatamento, em Tocantis, que fica na região do Matopiba, flagrou técnicas como o “correntão”, que arrasta toda a vegetação do Cerrado pelo caminho e ouviu os envolvidos em crimes ambientais.
“Outro caminho”
Drones e satélites auxiliaram os servidores do Ibama a detectar pelo menos 190 hectares de área desmatada ilegalmente. O dono da fazenda Reunidas Santa Luzia (TO), Neri Ferreira, mora em Goiânia. Ele falou ao telefone com o servidor do órgão. Quando questionado sobre o crime, perguntou se não haveria “outro caminho”, ao invés da aplicação das multas. A reportagem do programa reproduziu a conversa no site.
Na fazenda de Neri, o Ibama flagrou tratores que também estavam sendo utilizados em outra região: a da Fazenda Frades, de propriedade de Claudiomir Abatti. Mais uma área do Cerrado devastada.