Por André Garcia
Ainda faltam 11 dias para o fim do mês e Mato Grosso já apresenta uma alta de 108% nos focos de calor em comparação com o total observado em todo agosto de 2023, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Estes 5.464 focos, que, muitas vezes evoluem para incêndios florestais, estão espalhadas pelos três biomas do estado e atingem cada vez mais fazendas, colocando a produtividade em risco em diversas regiões.
Foi o que aconteceu no domingo, 18/8, quando as chamas alcançaram uma lavoura de milho na zona rural de Campo Novo do Parecis, (397 km de Cuiabá), deixando a região, próxima à cidade, coberta de fuligem e fumaça. Pelas redes sociais, circularam vídeos feitos por moradores da região que mostravam a dimensão do fogo e a falta de visibilidade causada pela densidade da fumaça.
A situação foi controlada pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBMMT), que contaram com o apoio de brigadistas da Usina Coprodia e de propriedades vizinhas. Ao longo do dia, os profissionais utilizaram 20 caminhões-pipa em apoio ao caminhão auto-bomba tanque de combate a incêndio.
De acordo com a corporação, na segunda-feira, 19/8, também foram extintos incêndios nas fazendas Granada, em Paranatinga e Tamandaré, em Santo Antônio do Leverger. O combate continua nas fazendas Santa Lúcia (Barão de Melgaço), Vale do Dourado (Rosário Oeste), Luz do Luar (Juína), Renascer (Alto Paraguai), Araras (Alto Garças), Cambarazinho e Porto do Triunfo (Poconé).
Monitoramento
Além destas propriedades, segundo o CBMMT, o Batalhão de Emergências Ambientais (BEA) monitora com satélites incêndios em 16 fazendas, incluindo a Conquista (Novo Mundo), Floresta VII (Apiacás), Bauru (Colniza), Garcias (Nova Bandeirantes), Barro Alto, Lago Verde e Santa Luiza (Cocalinho), Rio Manso 3 (Novo Santo Antônio), São Paulo do Arino (Diamantino) e Projeto de Assentamento Reunidas (Santa Terezinha), dentre outras.
O acompanhamento do BEA contribui com as equipes em campo e também é feito na Reserva Quelônios do Araguaia (Cocalinho), na Pedreira Vila Rica (Vila Rica), na Lagoa da Confusão (São Félix do Araguaia) e nas Terras Indígena Capoto Jarinã (Peixoto de Azevedo), Sangradouro/Volta Grande (Poxoré/ General Carneiro e Novo São Joaquim) e Perigara (Barão de Melgaço).
Por todo o Estado, atuam 111 bombeiros, que contam com quatro aviões, um helicóptero, 40 viaturas, entre caminhonetes e caminhões-pipa, 11 máquinas e quatro barcos. Além do ICMBio e do Ibama, as ações têm apoio da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra), da Defesa Civil do Estado, do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), do Exército, da Força Aérea Brasileira e da Marinha.
Parques e reservas
No Pantanal, o trabalho se divide entre a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal, em Barão de Melgaço, na divisa com a Bolívia e em Porto Conceição, em Cáceres. Dentro do Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense (Parna Pantanal), brigadistas do ICMBio e do Ibama combatem um incêndio próximo à divisa da Reserva Particular do Patrimônio Natural Estância Dorochê.
Também há bombeiros em campo no Parque Estadual Serra Ricardo Franco, em Vila Bela da Santíssima Trindade; na Reserva do Cabaçal, em Tangará da Serra; na Área de Proteção Ambiental (APA) Nascente do Rio Paraguai, em Diamantino; no Sitio Salvador, em Aripuanã e na região de Mimoso.
Período proibitivo
Como temos mostrado, a estiagem severa e a baixa umidade do ar têm contribuído para a propagação das chamas, que exigem um número cada vez maior de bombeiros , brigadistas e profissionais da segurança na região. Para se ter ideia, somente na segunda-feira, foram registrados 260 focos de calor, conforme dados do Programa BDQueimadas do Inpe. Deste total 100 se concentram na Amazônia, 97 no Cerrado e 63 no Pantanal.
Diante da situação, o Corpo de Bombeiros pede que a população colabore e respeite o período proibitivo. Vale destacar que a estratégia de uso do fogo para renovação de pastagem ou qualquer outra finalidade está proibida até o fim do ano, e que, quem descumprir a lei poderá ser punido com multa e apreensão de bens, além de prisão de dois a quatro anos.
A qualquer indício de incêndio, a corporação orienta que a denúncia seja feita pelos números 193 ou 190.
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