Por André Garcia
Os registros de fogo na Amazônia nos sete primeiros meses do ano cresceram 43,2% e são os maiores para o período desde 2005. São 20.221 focos de calor registrados de 1 de janeiro a 24 de julho de 2024, segundo dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Embora um aumento nos números de desmatamento e queimadas na região seja esperado entre julho e outubro, quando há diminuição da chuva e da umidade relativa do ar e da alta da temperatura, a situação é alarmante se comparada aos últimos anos.
Para se ter ideia do risco, os dados do mês de julho, que ainda nem terminou, já superam o acumulado de julho do ano passado: 6.732 contra 5.772.
“Mas, considerando que ainda não chegamos ao fim de julho e que ainda temos mais três meses de verão amazônico, a situação do fogo e da seca é de extrema preocupação na Amazônia”, explica o especialista em campanhas do Greenpeace Brasil, Rômulo Batista.
Especialistas explicam que vários fatores contribuíram para o cenário: a região está mais seca, o que está intimamente relacionado às mudanças climáticas e foi potencializada pelo fenômeno El Niño; 2023 foi o ano mais quente dos últimos 100 mil anos e em junho completaram-se 13 meses consecutivos de temperaturas recordes mensalmente.
Além disso, a paralisação dos servidores do Ibama, devido a reivindicações salariais e reestruturação de carreiras, gera sensação de impunidade, o que se soma a outro problema histórico que é a falta de rigor por parte dos governos para punir os responsáveis pelos incêndios criminosos.
Prevenção
Entre os especialistas, é unânime o entendimento de que a melhor forma de combater o fogo é evitar que ele comece. Para Rômulo, a Amazônia também precisa de um planejamento sistemático, o que inclui a continuidade no combate ao desmatamento e o cumprimento da meta de desmatamento zero o quanto antes.
Outra estratégia é a criação e o fortalecimento de batalhões de combate a queimadas e incêndios, com boas estruturas e profissionais bem pagos e equipados para o trabalho.
“Locais com difícil acesso, como no Pantanal e na Amazônia, precisam que o Brasil invista em um esquadrão de combate ao fogo, inclusive com aviões de grande porte dando suporte a esse combate. Não adianta termos somente brigadistas em parte do ano na Amazônia”, conclui.
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