Novos detalhes sobre o esquema fraudulento de geração e venda de créditos de carbono na Amazônia começam a emergir. Investigações da Polícia Federal revelaram que a atuação do grupo criminoso tinha pretensões mais ousadas do que o uso de Terras Públicas da União para gerar e vender créditos de carbono no mercado internacional.
Como divulgado pela Folha, o grupo operava outros dois projetos de geração e venda de créditos de carbono no sul do Amazonas, além dos três já investigados. Ao todo, os suspeitos pretendiam utilizar mais de 3,5 milhões de hectares de áreas griladas, uma extensão que supera a do estado de Alagoas.
O grupo também pretendia instalar e operar pelo menos cinco pequenas centrais hidrelétricas (PCH) em rios das terras griladas na Amazônia. Segundo a PF, os pedidos de licenciamento foram apresentados ao IBAMA e as PCHs já contavam com autorização para captura, coleta e transporte de material biológico, etapa anterior à emissão da licença prévia.
No começo do mês, a PF iniciou a operação Greenwashing e prendeu preventivamente três empresários suspeitos de envolvimento no esquema, além de duas pessoas que seriam cúmplices. O principal alvo da ação foi o grupo empresarial Ituxi, sediado em Lábrea (AM). Um de seus donos, Ricardo Stoppe Júnior, é apontado pela investigação como o chefe do esquema.
Os investigadores da PF também identificaram pagamento de propina a servidores de dois órgãos do governo do Amazonas e a policiais militares de alta patente com influência nos altos escalões do poder público estadual, além de repasses a um servidor do INCRA. Segundo a Folha, os pagamentos teriam permitido ao grupo a regularização de terras griladas em Apuí, com o “esquentamento” de títulos antigos de seringais.