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Governo de MT veta projeto que reduziria reserva legal na Amazônia

Governo de MT veta projeto que reduziria reserva legal na AmazôniaGoverno anunciou que grupo de trabalho apresentará novo projeto. Foto: Secom-MT

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Por André Garcia

O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, vetou integralmente o Projeto de Lei Complementar (PLC) 18/2024, que reclassificava trechos de vegetação da Amazônia como áreas de Cerrado. Proposto pelo próprio Executivo Estadual, o texto foi modificado por substitutivo aprovado recentemente pela Assembleia Legislativa (ALMT).

Nesta segunda-feira, 20/1, Mendes anunciou que formará um grupo de trabalho e em até 90 dias apresentará um novo projeto “consistente, técnico, que respeite as legislações ambientais do país e traga mais segurança jurídica na interpretação e aprovação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) no Estado.”

Com a mudança, a área de reserva legal nas propriedades rurais cairia de 80%, que é o exigido pelo Código Florestal para a Amazônia, para 35%, limite fixado para o Cerrado. De acordo com o governo, embora seja necessário trazer mais simplicidade aos processos, é necessário garantir segurança jurídica e técnica.

Assim, o veto considera, por exemplo, que a proposta aprovada pela AL ignora mapeamentos oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e desconsidera a metodologia técnico-científica nacional de classificação da vegetação brasileira, estabelecida no Mapa de Vegetação do Brasil.

Prejuízos ao Estado e ao setor produtivo

Da forma como estava, o projeto de lei resultaria em aumento de até 5,2 milhões de hectares no desmatamento no estado, o que pode prejudicar a imagem do setor no mercado externo e acentuar impactos das mudanças climáticas, já que a agricultura depende em 90% das chuvas.

Além disso, comprometeria a captura de carbono e colocaria em jogo o programa estadual Carbono Neutro MT. O programa foi lançado por Mendes em 2021 e visa neutralizar as emissões de gases do efeito estufa (GEE) até 2035, 15 anos antes da meta global de 2050.

A alteração do sistema ambiental do Estado também representa uma ameaça aos compromissos climáticos internacionais assumidos pelo Brasil, como a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), que prevê a redução de até 67% das emissões de gases do efeito estufa até 2035.

Planejamento territorial

Entre os desafios do grupo de trabalho anunciado pelo Governo está a fundamentação técnica para a redução da reserva legal na Amazônia e apresentação de uma proposta com visão integrada ao planejamento territorial, que articule com uma política pública integrada de uso do solo.

Para não passar uma mensagem de conivência com o uso descontrolado dos recursos naturais, como no texto anterior, o novo projeto deve considerar uma série de critérios fundamentais para evitar conflitos socioambientais, além de se comprometer a preservação de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade.

 

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