Peixes como pintado, cachara, jaú e piraputanga, que têm seu espaço natural no Rio Cuiabá, podem estar em risco com a construção de hidrelétricas. Esta é uma das conclusões do estudo realizado por uma estudante de pós-graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Publicado na revista “Science of the Total Environment”, o estudo “Efeitos negativos das mudanças climáticas sobre os recursos pesqueiros neotropicais podem ser exacerbados por hidrelétricas”, de Luiza Peluso, aponta que 10% das áreas disponíveis para pesca na sub-bacia do Rio Cuiabá são bloqueadas por hidrelétricas em operação. E esse cenário pode se agravar.
“Em um cenário futuro em que consideramos as hidrelétricas em operação e as previstas, este bloqueio pode ser de até 67%”, diz a autora.
Como foi feita a pesquisa?
A estudante explica que a pesquisa avaliou os efeitos das mudanças climáticas e a fragmentação do rio por barragem sob os peixes de água doce na Bacia do Alto Paraguai.
O artigo estima os habitats climaticamente adequados com base nas variáveis ambientais como temperatura, precipitação e elevação e registros de ocorrências de 14 espécies de peixes migradores.
Responsáveis: hidrelétricas e mudanças climáticas
O material traz em seus resultados que a construção de hidrelétricas atua em conjunto com as mudanças climáticas e poderá impedir os deslocamentos a montante dos peixes migradores.
“Cerca de 4% da área de distribuição atual e até 45% da área de distribuição futura de peixes migratórios devem ser bloqueados por barragens na Bacia do Alto Paraguai. Consequentemente, isso também afetará negativamente o rendimento da pesca e a segurança alimentar no futuro”, ressalta a autora do artigo.
O que fazer?
A pesquisadora defendeu que são necessárias medidas de conservação efetivas, como ações do poder público alinhadas à ciência para conservar o rio para as futuras gerações.
“A Bacia do Alto Paraguai, onde o Rio Cuiabá está inserido, possui alta diversidade de peixes que depende da conexão entre os rios localizados no Planalto com a planície de inundação que formam o Pantanal. Além disso, a pesca é uma importante atividade econômica da região, logo muitas pessoas usam o peixe como fonte de alimento e renda”, disse Luiza Peluso.
Segundo a pós-graduanda, manter as funções ecológicas e sociais dos habitats de água doce e conservar os peixes migratórios são questões importantes no atual contexto global de emergência do declínio dos peixes migratórios e mudanças climáticas.
“Destacando também que a conservação sustentável da vida de água doce é uma forma de fornecer alimentos, água potável e renda para a população no futuro com o mínimo de danos a esse ecossistema mega diverso”, finalizou.
Fonte: UFMT
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