De fevereiro até agora, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apreendeu 27 máquinas agrícolas e 72 mil quilos de soja, e aplicou R$ 67 milhões em multas a fazendas desmatadas ilegalmente na Região Norte de Mato Grosso.
Ao longo do período, já foram fiscalizados 12 mil hectares em operação que abrangeu diversas propriedades localizadas nos municípios de Cláudia, Ipiranga do Norte, Feliz Natal, União do Sul e Nova Ubiratã.
O diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Jair Schmitt explicou que as infrações variam em gravidade, mas todas representam impactos ambientais significativos. Segundo ele, muitos produtores desmataram além do permitido, enquanto outros sequer buscaram autorização para a supressão da vegetação.
“Há casos de desmatamento que extrapolaram a área de reserva legal prevista em lei. Também tem casos que talvez o produtor até pudesse requerer obter uma autorização de supressão da vegetação, mas não fez, então, ele desmatou sem autorização”, pontuou.
Impacto para o setor produtivo
Esta é a primeira operação focada em lavouras cultivadas em áreas desmatadas ilegalmente. Agora, os grãos apreendidos serão destinados a programas sociais, enquanto os maquinários confiscados serão encaminhados à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
As ações começaram por Mato Grosso devido aos altos índices de destruição da floresta. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o estado teve 127 mil hectares desmatados em 2024 — uma área maior que a cidade do Rio de Janeiro.
O agricultor Jadir Taffarel, que cultiva milho em Sinop, defendeu a importância do cumprimento das leis ambientais.
“Uma área ilegal você não consegue vender a produção, não consegue financiamento. E têm muitos países que exigem que seja correto, eles fazem a rastreabilidade dos produtos para saber de onde veio”, contou.
Ainda segundo o Ibama, empresas que compram soja ou outros produtos oriundos de áreas desmatadas ilegalmente também podem ser punidas. Multas, embargos e suspensão de atividades podem ser aplicados tanto a produtores quanto a financiadores da atividade irregular.
Embargo e apreensões
Em Cláudia, os agentes flagraram o início da colheita de soja em uma propriedade que está embargada há quase 10 anos por desmatamento ilegal. Seis colheitadeiras foram apreendidas no local.
Em Ipiranga do Norte, uma fazenda com 1,2 mil hectares desmatados sem autorização continuava em atividade mesmo com embargo de 14 anos. Sete máquinas e 72 mil quilos de soja armazenados foram apreendidos na propriedade.
“Quando você faz, lava um termo de embargo, aquela área fica impedida de ser utilizada e a ideia é justamente promover a recuperação ambiental daquele espaço desmatado ilegalmente”, concluiu Schmitt.
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