Por André Garcia
Como já mostrado pelo Gigante 163, o sistema de integração lavoura, pasto e floresta (ILPF) oferece a combinação perfeita entre expansão de rebanho, cumprimento do Código Florestal e regeneração de áreas naturais. Não à toa, a estratégia avança no Brasil, onde ultrapassa os 17,4 milhões de hectares, segundo a Embrapa.
Além disso, de acordo com a Rede ILPF, da safra 2015/2016 até a de 2020/2021, houve um aumento estimado de 52% de áreas com integração no País. Para se ter ideia do crescimento, no início dos anos 2000, o território ocupado com estes sistemas era de 2 milhões de hectares, tendo subido para 11,5 milhões em 2015.
Diante das projeções, a Rede ILPF espera que os 35 milhões de hectares sejam alcançados até 2030. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), por sua vez, prevê crescimento de 10 milhões de hectares nos nos próximos sete anos.
No cenário atual, o Centro-Oeste lidera o ranking das áreas integradas no Brasil. Em primeiro lugar está Mato Grosso do Sul (3,16 milhões de ha), no segundo vem Mato Grosso (2,28 milhões) e em quinto, Goiás (1.43 milhões de ha).
Estratégia nacional
Um estudo do instituto WRI Brasil aponta que recuperação de pastagens degradadas é peça-chave para uma retomada econômica verde e custaria em torno de R$ 25 bilhões, 10% do montante do Plano Safra. Em dez anos, esse valor não apenas seria compensado, como resultaria em um retorno de R$ 19 bilhões.
A estratégia ganha reforço com o lançamento do novo Plano Safra 2023/24, já que o programa incentiva sistemas de produção ambientalmente sustentáveis, com redução das taxas de juros para recuperação de pastagens e premiação para os produtores rurais que adotam práticas agropecuárias focadas na preservação ecológica.
Bons resultados
Recentemente mostramos que, na comparação entre as cinco propriedades, a lucratividade da ILFP varia de R$ 0,20 a R$ 3,70, ou seja, mais de 10 vezes para cada R$ 1,00 investido na produção. Já o Valor Presente Líquido Anual (VPLA), que é a receita por hectare a cada ano, variou de R$ 152,40 a R$ 2.175,00.
À reportagem, o pesquisador de sistemas integrados de produção da Embrapa Agrossilvipastoril de Sinop, Maurel Behling explicou que é preciso planejamento o orientação para migrar para o sistema e alcançar bons resultados.
“Embora os dados confirmem a viabilidade econômica dessas unidades, a correta definição da configuração do sistema e o estudo prévio de mercado são determinantes para garantir a competitividade do sistema. O melhor sistema de integração é aquele que se apta a realidade de cada propriedade rural”, destaca.
Assim, ao passo em que a imprevisibilidade climática aflige o agronegócio e causa impacto na produtividade, nos investimentos e nos movimentos financeiros de empresas e bancos, a ILFP, além de aumentar renda, fortalece a cadeia e garante melhores negócios.
“Com ganhos a partir do uso mais proveitoso da terra há geração de mais empregos no campo. Outra consequência é que o produtor aumentará sua renda líquida e terá maior estabilidade econômica com a redução de riscos e incertezas devido à diversificação da produção”, pontuou.
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