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ILPF pode reduzir pressão do comércio exterior sobre o Brasil; entenda

ILPF pode reduzir pressão do comércio exterior sobre o Brasil; entendaEstratégia garante rentabilidade, resiliência e empregabilidade. Foto: Embrapa

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Por André Garcia 

Com foco na descarbonização da economia, o Brasil caminha para aumentar a eficiência no uso dos recursos e processos produtivos sustentáveis. As vantagens comparativas apresentadas pelo País trazem otimismo aos especialistas, principalmente quando o assunto é integração lavoura-pecuária e floresta (ILPF), estratégia que pode reduzir a pressão do comércio exterior sobre a descarbonização da produção brasileira.

Foto: Marcelo Muller/Rede ILPF

É esse potencial que uma equipe de pesquisadores brasileiros da Embrapa Solos está mostrando na Europa desde o dia 14/10. Munidos com dados levantados a partir da utilização de imagens de satélite, inteligência artificial, machine learning e computação de alto desempenho, eles apresentam mapeamento que mostra, por exemplo, o avanço da ILPF em Mato Grosso desde 2012, onde foi identificado aumento anual de 250 mil hectares entre 2013 e 2019.

“Esses dados são importantes justamente para balizar o momento em que o Brasil está a orientar suas ações, seja de transferência de tecnologia, de financiamento ou qualquer tipo de fomento. O setor, sabendo como está a situação, pode planejar muito melhor o desenvolvimento para atingir as metas e consolidação da agricultura de baixo carbono”, explicou o pesquisador Rodrigo Ferraz ao Gigante 163.

Ele integra a equipe do projeto Geo ABC+, que participa de encontros na sede da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) em Paris e na FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) em Roma, entre outros. O grupo também é formado pelos cientistas Margareth Simões e Pedro Luiz de Freitas.

“As práticas sustentáveis estão aí e esses números apoiam todo o setor porque descrevem o quanto a agropecuária está crescendo em direção à sustentabilidade. Lógico que entre teoria e prática há vários obstáculos, mas o Brasil tem tudo para despontar”, afirma.

Neste contexto, Ferraz destaca a rentabilidade garantida pela diversificação e os benefícios para o solo. Para ele, o ápice desse processo é o sistema integrado, no qual, além de fazer o duplo cultivo, é possível investir em forrageira, o que beneficia muito a incorporação de carbono e permite a engorda de gado.

“Se você produz mais da mesma terra, não é preciso expandir a fronteira agrícola, então tem-se o que chamamos de sistema poupa terra. Associando isso a outras políticas de proteção ambiental, essa pode ser uma grande estratégia muito grande para o desenvolvimento sustentável, porque há um aumento da produção salvaguardando assim os remanescentes Florestais”, defende.

Resiliência financeira e planejamento

Como já mostrado por nós, os sistemas de integração também são menos sensíveis às variações de preços das commodities. Um trabalho da Embrapa, Rede ILPF e Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), mostra que, mesmo nos piores cenários simulados, com queda de 15% no preço da soja ou da arroba do boi gordo, a estratégia permanece lucrativa.

Embora tenha benefícios comprovados, a ILPF ainda não corresponde nem a 8% de toda a pecuária brasileira, segundo a Rede ILPF, o que reforça a urgência de que o setor estruture visões de longo prazo, aprendendo a ter maior produtividade ao mesmo tempo em que em ajuda a frear as mudanças climáticas que podem sentenciar seus negócios.

Para a consolidação da estratégia, Ferraz destaca ser necessário estímulo para a adoção do sistema de baixo carbono, além da transferência de tecnologia e investimento em pesquisa. Tudo isso se traduz em uma ampliação das políticas que considerem a heterogeneidade do produtor rural brasileiro, que apresenta diferentes níveis de capitalização e acesso à tecnologia.

“O plano tem que ser flexível o suficiente para capturar os diferentes perfis socioeconômicos e tecnológicos do produtor. Outro fator extremamente importante é o fortalecimento de mecanismo de valorização daqueles que estão investindo em sistemas de baixa emissão de carbono, seja por meio de incentivos econômicos ou de instrumentos fiscais”, concluiu.

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