Por André Garcia
Como temos mostrado, o fogo avança sobre diversas propriedades em Mato Grosso, ameaçando trabalhadores e animais e destruindo áreas de plantio e equipamentos. Só nas últimas 24 horas, o Corpo de Bombeiros Militar (CBMT) extinguiu quatro incêndios florestais que atingiram as fazendas Perdizes, (Ribeirão Cascalheira); São João Batista, (Cocalinho); Ouro Preto (Canara) e Agropecuária São João (Nova Nazaré).
Na segunda-feira, 10/9, o fogo atingiu um trator e duas carretas na rodovia MT-140, que liga Santa Rita do Trivelato a Planalto da Serra, em Mato Grosso, causando a morte de um dos motoristas. De acordo com o Canal Rural, na região, as chamas se espalham por diversas propriedades, mobilizando moradores, colaboradores e vizinhos que tentam minimizar os prejuízos.
“Queimou mais de 250 hectares só da minha propriedade. Estamos à beira de começar uma nova safra, com o adubo já aplicado, e agora não sabemos o que fazer. É um grande prejuízo”, disse o agricultor Vandir Matschinske, que suspeita que o fogo tenha sido iniciado por negligência externa, possivelmente de uma bituca de cigarro jogada por um veículo.
Nos últimos dois dias, o Estado registrou mais de 2 mil focos de incêndio nas últimas 24 horas, de acordo com o Sistema de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Diante da situação, o consultor agronômico Taimon Semler, também alertou que as perdas causadas pelos incêndios florestais não se limitam às plantações e ao maquinário.
“Um incêndio como esse pode comprometer o solo, afetando a microbiota e a matéria orgânica acumulada ao longo de décadas. A perda pode chegar a 15 sacas por hectare, dependendo da intensidade do fogo e das condições do solo.”
De acordo com o Corpo de Bombeiros, nesta terça-feira, 10/9, outros 52 incêndios são combatidos por 458 profissionais, que contam com o apoio de 224 pessoas, entre brigadistas e servidores do Estado, totalizando 682 pessoas envolvidas nas ações.
Período proibitivo
A estiagem severa e a baixa umidade do ar têm contribuído para a propagação das chamas, que exigem um número cada vez maior de bombeiros , brigadistas e profissionais da segurança na região. Para se ter ideia, somente na segunda-feira, foram registrados 260 focos de calor, conforme dados do Programa BDQueimadas do Inpe. Deste total 100 se concentram na Amazônia, 97 no Cerrado e 63 no Pantanal.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino afirmou nesta terça-feira, 10/9 que o país vive uma “pandemia de incêndios florestais” e determinou medidas para o enfrentamento às queimadas na Amazônia e no Pantanal.
Diante da situação, o Corpo de Bombeiros pede que a população colabore e respeite o período proibitivo. Vale destacar que a estratégia de uso do fogo para renovação de pastagem ou qualquer outra finalidade está proibida até o fim do ano, e que, quem descumprir a lei poderá ser punido com multa e apreensão de bens, além de prisão de dois a quatro anos.
A qualquer indício de incêndio, a corporação orienta que a denúncia seja feita pelos números 193 ou 190.
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