Por André Garia
A descarbonização da economia nunca soou tão palpável. Nesta Semana Mundial do Meio Ambiente, o assunto foi destaque nos discursos de diferentes líderes, que reforçaram o potencial do Brasil para liderar uma revolução de mercado. Procuradas pelo Gigante 163, as secretarias de meio ambiente de Tocantins e Mato Grosso mostraram iniciativas que já adiantam os rumos que a pauta deve tomar.
Nesta semana, o Governo do Tocantins assinou em Genebra, na Suíça, um acordo técnico e comercial com a Mercuria Energy Trading S/A para a realização do projeto de qualificação e certificação do Programa de Redução de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação (REDD+).
Com a certificação, tornou-se o primeiro estado do Brasil e um dos pioneiros no mundo a comercializar créditos de carbono no mercado de carbono voluntário. Para o governador Wanderlei Barbosa, a parceria resulta de um conjunto de políticas públicas e de ordenamento jurídico.
“Há mais de 15 anos estamos preparando o Estado para esse momento que coloca o Brasil na vanguarda do enfrentamento da crise climática mundial”, disse.
Na prática, com a assinatura do acordo, a Mercuria, que é uma das maiores empresas do mundo no segmento de energia e commodities, compromete-se a investir aproximadamente R$ 20 milhões em serviços técnicos para o cumprimento dos requisitos de qualificação em um padrão internacional e geração de créditos de carbono.
Outros R$ 10 a 20 milhões serão investidos no registro desses créditos, o que permitirá ao Tocantins tornar-se elegível para atuar no mercado de carbono voluntário e utilizar os seus ativos ambientais como forma de gerar recursos para investir na preservação ambiental e no desenvolvimento sustentável do Estado.
Mato Grosso
Para alcançar a meta de neutralizar suas emissões de carbono até 2035, a aposta de Mato Grosso é o programa Carbono Neutro MT. Foi o que contou à reportagem a titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT), Mauren Lazzaretti.
“Esta ação já tem reconhecimento internacional e apoio de diversos parceiros privados, o que vai fazer com que possamos avançar com os objetivos específicos alcançar nossa meta, que é ambiciosa se compararmos com outros países”, avaliou.
Em 2021 o governo mato-grossense aderiu à campanha “Race to Zero” (Corrida para o Zero), das Nações Unidas, e se antecipou à meta mundial, que propõe neutralizar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2050. Para cumprir a promessa, uma das estratégias adotadas é o manejo florestal.
“Sozinha ela é capaz de reduzir em 16% as emissões até 2035. O manejo é para o governo um dos principais pilares para a manutenção da floresta em pé, com geração de renda e dignidade social”, afirma Mauren.
De acordo com a Secretaria, hoje existem 4,6 milhões de hectares de floresta sendo explorada por manejo, e a expectativa é chegar a 6 milhões de hectares até 2030. Para isso, o estado também conta com o sistema Sisflora 2.0 que fortalece a madeira legal possibilitando o rastreamento dos produtos florestais.
“Investimos de R$ 180 milhões nos últimos quatro anos no combate ao desmatamento ilegal”, diz a secretária.
A criação de uma força tarefa para analisar as informações fornecidas ao SIMCAR, plataforma utilizada para alimentar o Cadastro Ambiental Rural (CAR), até o final de 2023, também está entre os esforços mencionados pela pasta.
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