Por Rodrigo Malafaia
O jovem Marcelo Borges, de apenas 19 anos, resolveu colocar a mão na massa quando percebeu que a terra estava cada vez mais doentia. Juntou-se a poucos amigos para colocar de pé o projeto Folhas que Salvam, cujo carro-chefe é o plantio de árvores nativas pelo Brasil. Criada em seu município natal, Rio Doce (GO), em 2019, hoje a organização está presente em 24 Estados com saldo de 4,5 mil mudas plantadas. Conta com cerca de 170 embaixadores ativos, nome usado na organização para voluntários, e mais de 5 mil pessoas impactadas nacionalmente. O coletivo também realiza palestras em escolas, limpeza de praças e espaços público, conscientização “boca a boca”, limpeza de rios, lagos e praias, e apoio voluntário a desastres e acidentes ambientais.
O Gigante 163 conversou com o ativista ambiental, que mora hoje em Mato Grosso.
Conexão que vem de casa
“Eu cresci em uma fazenda do interior de Goiás, então sempre tive muito contato com a natureza e com os animais. Ter uma onça pintada no quintal da minha casa, era algo normal para mim”, brinca Marcelo.
“Eu lembro que desde pequeno o meu pai apontava para as árvores, enquanto a gente andava, e falava ‘aquela árvore chama isso, aquela chama aquilo’. Ele contava o que cada animal gostava de comer, em qual árvore ele gostava de ficar”, segue ele.
Nasce Folhas que Salvam
“O projeto surgiu no dia 25 de maio de 2019, com a ideia de atuar no nosso município, de Rio Doce, que é uma cidadezinha do interior de Goiás de 4 mil habitantes. A gente entendeu que lá tem alguns problemas (ambientais) que poderiam ser solucionados”, contou.
Menos é mais
“A fazenda que o meu pai trabalha, por mais que não seja uma fazenda modelo, tem diversas atividades sustentáveis, por exemplo: a caça e o desmatamento, lá dentro, são proibidas, a gente compensa o CO2 emitido com placas solares, que também economizam energia, a gente usa madeira de eucalipto e recicla os sacos de ração. Por mais que essas práticas não sejam o maior exemplo de sustentabilidade, elas já ajudam no meio ambiente em comparação com quem não faz isso.”
Bem-estar animal
“A região onde a fazenda que eu cresci fica, em Goiás, é uma região muito quente, com sol muito forte, então o gado precisa de árvores para ficar embaixo. Senão pode acontecer perda de peso, insolação e até o infarto dos bois. Então, por isso, o plantio de árvores é muito importante em regiões muito quentes, com o sol muito forte.”
De Rio Doce para o mundo?
“Uma meta é a internacionalização do projeto, então a prioridade seria Portugal e Angola, mas esse não é um processo muito simples, até mesmo porque as pessoas da Angola têm uma realidade muito diferente da nossa aqui do Brasil. A gente já fez os contatos para entender como é que isso poderia acontecer”, contou.
Já a nacionalização do projeto prevê a formação de núcleos de trabalho, chamados de Núcleos Locais do Folhas (NLF), em várias capitais do País, começando por Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Goiânia (GO) e Belém (PA).
O passo seguinte será levar os NLFs para mais 10 cidades: Cuiabá (MT), Barra do Garças (MT), Belo Horizonte (MG), Uberlândia (MG), Brasília (DF), Tapajós (PA), Manaus (AM), Salvador (BA), Fortaleza (CE) e Recife (PE).
Para ontem
Em um convite para que as pessoas conheçam mais sobre o projeto Folhas que Salvam e se engajem na causa ambiental, Marcelo faz um último apelo sobre a semana do Meio Ambiente:
“As pessoas tendem a deixar a questão ambiental para ‘a última hora’, mas acontece que o meio ambiente não tem ‘uma última hora’. Se a gente não mudar a forma que nos relacionamos com o planeta, os danos que causamos vão se tornar irreversíveis, e ficará impossível seguir produzindo como estamos.”
Os projetos locais do Folhas que Salvam incluem desde palestras sobre educação ambiental e coletas públicas de lixo até concursos, como o 1º Concurso ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis lançado em 2021 em parceria com o ICLEI América do Sul, e que terá a sua 2ª edição em 2022.