Por André Garcia
Na semana em que a bioeconomia foi apontada como estratégia para garantir aumento anual de pelo menos R$ 40 bilhões no PIB da Amazônia Legal (AML), mais de 300 líderes políticos, cientistas e investidores de nove países situados no bioma se reuniram em Belém (PA), para firmar pacto regional em favor do modelo econômico, mais inclusivo e sustentável.
Durante a Conferência Pan- Amazônica de Bioeconomia, realizada nos dias 21 e 22 de junho, eles reforçaram que a mudança é indispensável para evitar que a Amazônia chegue ao seu ponto de não retorno. Segundo o cientista Carlos Nobre, o avançodo sistema atual, que não considera o valor na floresta em pé, pode resultar no desaparecimento do bioma.
“Este evento é muito importante para comunicar a importância e a urgência do fortalecimento dessa nova bioeconomia, e como ela beneficiará a região, combaterá a emergência climática, protegerá a imensa biodiversidade da floresta e melhorará a qualidade de vida de todos os povos amazônicos, tanto rurais quanto urbanos”, explicou.
Para tanto, os especialistas discutiram aspectos-chave para o desenvolvimento do modelo, como financiamento, tecnologia, legalidade das cadeias produtivas, cadeias produtivas e serviços. As recomendações integrarão documento que será entregue aos presidentes dos países da região antes da Cúpula da Amazônia, no início de agosto.
Uma das mais enfáticas é a urgência de eliminar de forma definitiva o desmatamento. Outro consenso é a necessidade de valorizar e respeitar o conhecimento e as práticas dos povos indígenas e das comunidades tradicionais, integrando- os como elementos orientadores para a ciência e a inovação.
De acordo com a subdiretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Patrícia Pinho, a transição deve se basear na diversidade cultural e na biodiversidade.
“Isso só existe graças aos povos indígenas e às comunidades locais. Se a bioeconomia não servir a essas populações, então não serve de modo algum.”
O evento foi facilitado e apoiado por Aliança Empresarial pela Amazônia, Amazon Sustainable Landscapes Program, Banco Mundial, Bezos Earth Fund, CLUA, Uma Concertação pela Amazônia, Conservação Internacional, Cooperação Alemã implementada por GIZ, Coordenadoria das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA), GEF, Governo da França, Governo do Canadá, IADB, Instituto Sinchi, IPAM, Nature Finance, NESst, Painel Científico pela Amazônia, Partnerships for Forest, USAID, Visão Amazônia, WRI e WWF.
Retorno financeiro
Um estudo publicado pela WRI Brasil nesta terça-feira, 20/6, aponta que, além do acréscimo de R$ 40 bi no PIB, a adoção do modelo pode gerar 312 mil empregos só na Amazônia Legal brasileira. Haveria ainda 81 milhões de hectares em florestas adicionais e estoque de carbono 19% maior em comparação ao modelo atual.
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