A maioria dos executivos brasileiros (63%) acredita que as mudanças climáticas devem impactar a venda de produtos e serviços ao longo de 2022. Os dados são da 25ª edição da pesquisa CEO Survey, feita pela empresa de consultoria e auditoria PwC.
A instabilidade macroeconômica (69%), os riscos cibernéticos (50%)e a desigualdade social (38%) são consideradas no Brasil as principais ameaças para os negócios, mas 45% dos CEOs do país acreditam que a questão ambiental pode diminuir a capacidade de uma empresa de levantar capital e 39% temem que interfira no desenvolvimento de produtos e serviços.
Trata-se de um assunto de primeira ordem que intercorre por todas as instâncias. Por essa razão as empresas precisam estar mais comprometidas com os movimentos de neutralidade de carbono”, observa Colombari.
A mais recente edição da pesquisa anual revela as perspectivas dos CEOs do Brasil e do mundo sobre crescimento, ameaças, prioridades estratégicas e compromissos ESG. Ao todo, foram ouvidos aproximadamente 4.400 CEOs, em 89 territórios, entre outubro e novembro de 2021, com uma participação expressiva de líderes do Brasil.
A urgência do combate às mudanças climáticas e iniciativas de inclusão foram colocadas à prova nesta edição e os resultados mostram que o tema entrou nas agendas das corporações, mas que ainda há muito o que avançar. Apesar dos crescentes interesses nos temas ESG, as estratégias das empresas ainda são influenciadas principalmente por métricas de negócios não condicionadas às questões ambientais e sociais.
A maioria dos CEOs no Brasil e no mundo tem metas relacionadas à satisfação do cliente, engajamento de funcionários e automação ou digitização incluídas em suas estratégias de longo prazo, de acordo com o estudo. Esses resultados não financeiros estão vinculados ao desempenho dos negócios.
Já as metas relacionadas às emissões de gases do efeito estufa (GEE), à representação de gênero ou à diversidade racial e étnica estão muito menos representadas nas estratégias e na remuneração variável. De acordo com a pesquisa, cerca de 13% ou menos dos CEOs no Brasil e no mundo têm essas metas presentes em seu bônus anual ou plano de incentivos, em comparação com um percentual que varia entre 23% e 42% para a estratégia de longo prazo.
A situação é diferente para setores nos quais as mudanças climáticas representam uma ameaça existencial mais direta. Por exemplo, 30% dos CEOs do setor de energia têm metas de emissões de GEE vinculadas à sua remuneração pessoal. Em contraste, esse percentual é de apenas 9% no setor de saúde e de 8% na indústria de tecnologia, mídia e telecomunicações.
A boa notícia da pesquisa é que a proporção de empresas com compromissos Net Zero (27%) e carbono neutro (31%) no Brasil supera a média global, 22% e 26%, respectivamente. De acordo com a pesquisa, o principal fator de influência por trás dos compromissos Net Zero no Brasil é atenuar os riscos das mudanças climáticas (68%), seguido de estimular inovações em produtos/serviços (63%), satisfazer às exigências dos investidores (61) e atender às expectativas dos consumidores (61%).
Apesar de números ainda baixos, é positiva a inserção de metas ESG nas agendas das empresas e nas estratégias de negócios, pois mostra que os líderes estão comprometidos de alguma forma com a redução das emissões dos gases de efeito estufa. Sabemos que há muito a ser feito ainda, mas o caminho está sendo traçado”, completa Marco Castro, sócio-presidente da PwC Brasil.
O estudo indica também o crescimento na percepção das empresas em relação a seus ativos, recursos e relacionamentos como fatores que favorecem mais a criação de valor financeiro do que a redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE). Estes mesmos elementos passam a ter mais impacto do que a regulamentação governamental na redução das emissões.
A CEO Survey mostrou ainda que empresas que assumiram compromissos com alinhamento científico têm uma tendência maior a incluir metas de emissões em suas estratégias corporativas e planos de remuneração dos CEOs. 70% dos CEOs responderam que as suas metas Net Zero com alinhamento científico estão alinhadas às estratégias corporativas a longo prazo e 34% a bônus anual ou plano de incentivos. Para os executivos, os fatores que mais influenciam os compromissos Net Zero são atenuar os riscos das mudanças climáticas e atender às expectativas dos consumidores.
Fonte: PwC