Por Vinicius Marques
A regeneração natural assistida (manejo para recuperação florestal de baixo custo) veio para ficar em Mato Grosso. Essa experiência colocada em prática em vários municípios de nosso Estado faz parte de um novo estudo apresentado na terça-feira, 29/03, com ótimos resultados. Dos 24 casos bem-sucedidos ao redor do mundo, 15 são do Brasil e, destes, 3 de Mato Grosso. Conheça os casos a seguir:
Projeto Poço de Carbono Florestal
Desenvolvida no município de Cotriguaçu pela ONF Brasil, a iniciativa aliou técnicas da regeneração natural assistida com o plantio de 50 espécies nativas, restaurando assim uma área de 2.103 hectares desmatados da Fazenda São Nicolau.
O objetivo inicial da restauração foi “promover a captura do CO2 atmosférico, assumindo a floresta como poço (ou sumidouro) de carbono. O carbono capturado é estocado e mantido dentro do sistema florestal, alimentando a relação solo-planta em um processo equilibrado”, conforme é apontado no estudo completo da WRI Brasil.
A iniciativa contempla a população local através do emprego direto e indireto da mão de obra da comunidade na fazenda, e da estruturação de sistemas de produção econômica e ecologicamente eficientes, como uma associação de coletores de castanha-do-Brasil”, informa o documento.
Parque Sesc Serra Azul
Em uma ex-fazenda de produção pecuária, em Rosário Oeste, a área restaurada foi de 5.000 hectares. Em um primeiro momento, o gado foi removido, sendo reconduzido ao espaço depois de alguns meses, “sob a condição de manter a presença de espécies regenerantes.”
A presença dos bovinos reduziu a biomassa de material combustível, controlando assim a intensidade dos incêndios. Além disso, a diversidade e cobertura de plantas nativas nas pastagens aumentou com o pastejo do gado.
A regeneração natural assistida com presença de gado bovino tem promovido um estágio intermediário de desenvolvimento da vegetação do Cerrado com maior diversidade de espécies, extratos, nichos e habitats.”, aponta o estudo.
Redes Socioprodutivas
De responsabilidade do Instituto Centro de Vida (ICV) e desenvolvido nos municípios de Alta Floresta, Paranaíta, Nova Monte Verde, Nova Bandeirantes, Cotriguaçu e Colniza, o projeto iniciado em 2018 tem como foco fortalecer as cadeias socioprodutivas da castanha, babaçu, hortifrutigranjeiros, leite, cacau e café.
A iniciativa estabeleceu a pequenos agricultores arranjos produtivos sustentáveis das cadeias, aliados à restauração florestal de áreas degradadas e adequação legal das propriedades rurais envolvidas. Até o momento, foi restaurado um total de 104,1 hectares, mas o processo segue em andamento.
A restauração ganhou força através da abordagem da RNA nessas áreas por meio do cercamento de áreas de pastagens, permitindo o restabelecimento da floresta secundária”, informa o estudo da WRI Brasil.
O estudo, chamado de “O papel da regeneração natural assistida para acelerar a restauração de florestas e paisagens”, foi desenvolvido pelo WRI Brasil, em parceria com ICV, Imazon e a empresa Suzano. A publicação envolveu as organizações integrantes do projeto “Promovendo e Implementando a Regeneração Natural Assistida no Mato Grosso e Pará”, desenvolvidas com apoio da Iniciativa Internacional da Noruega para o Clima e as Florestas (NICFI).
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