Sete em cada dez hectares de florestas com exploração madeireira não autorizada na Amazônia estão em Mato Grosso. Entre agosto de 2020 e julho de 2021, a atividade irregular abrangeu 103 mil hectares no Estado, 73% da extração não permitida na região amazônica.
Esse é o mesmo percentual que Mato Grosso possui em relação às áreas exploradas com autorização. No período analisado, o Estado teve 173 mil hectares com extração madeireira permitida, 73% da atividade legalizada na Amazônia.
O dado consta em pesquisa publicada pela Rede Simex (Imazon, Idesam, Imaflora e ICV). O levantamento mapeou por meio de imagens de satélite 377 mil hectares com extração de madeira na Amazônia entre agosto de 2020 e julho de 2021. E, de forma inédita, conseguiu acesso aos dados públicos das autorizações para a atividade emitidas pelos órgãos ambientais de todos os estados analisados.
“Apesar da maior parte da exploração madeireira em Mato Grosso ter sido autorizada, a área com a atividade não permitida cresceu 17% em relação ao levantamento anterior, que analisou o período de agosto de 2019 a julho de 2020. Apenas nas terras indígenas do Estado, houve um aumento de 70% na extração de madeira ilegal”, alerta Vinícius Silgueiro, coordenador de inteligência territorial do ICV.
Ainda conforme a análise, quase 40% da área com registro da atividade na região não teve autorização dos órgãos ambientais. E 15% da extração não permitida ocorreu apenas dentro das áreas protegidas, como terras indígenas e unidades de conservação. A pesquisa mostrou pela primeira vez o percentual de irregularidade da exploração madeireira por toda a Amazônia.
Acesso aos datdos público
No estudo publicado no ano passado, apenas Pará e Mato Grosso haviam liberado as informações necessárias para a checagem da legalidade. Leonardo Sobral, gerente de cadeias florestais do Imaflora, ressalta que o acesso aos dados públicos foi fundamental para a realização das análises.
“O setor florestal precisa avançar na agenda da transparência”, completa.
Agora, com os dados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima, foi possível identificar 142 mil hectares com exploração madeireira não permitida no período estudado, o que representa 38% do total. Isso significa que a Amazônia teve uma área de floresta equivalente à cidade de São Paulo afetada pela atividade irregular em apenas um ano.
“Esse índice de exploração não autorizada é muito alto e representa graves danos socioambientais para a Amazônia, o que contribui para impedir o desenvolvimento sustentável da região. Sem o manejo florestal sustentável a floresta pode ser degradada, há mais riscos de conflitos e deixa-se de gerar empregos formais e impostos”, afirma Dalton Cardoso, pesquisador do Imazon.
A exploração madeireira não autorizada precisa ser combatida com urgência, principalmente nos territórios protegidos. Entre agosto de 2020 e julho de 2021, as terras indígenas e as unidades de conservação tiveram 21 mil hectares explorados irregularmente, o que é semelhante ao tamanho de João Pessoa. Isso também corresponde a 15% de toda a área com a atividade não permitida mapeada na Amazônia no período.
O território indígena mais prejudicado foi o Aripuanã, em Mato Grosso, onde mais de 4 mil hectares tiveram extração madeireira.
Fonte: ICV