HomeEcologia

MT e MS foram os que mais perderam superfície de água

MT e MS foram os que mais perderam superfície de águaLevantamento foi divulgado pelo MapBiomas Água. Foto: Creative Commons

Primeiro projeto de REDD de Mato Grosso auxiliou na redução do desmatamento
Parques nacionais são opção para quem se conectar com a natureza
JBS vai investir R$ 10,2 mi em pecuária regenerativa na Amazônia

O Pantanal foi o bioma que mais perdeu superfície de água, proporcionalmente ao seu tamanho, entre 1985 e 2023, de acordo com levantamento do MapBiomas Água divulgado nesta quarta-feira, 26. A perda foi de 61% abaixo da média histórica no ano passado, totalizando 382 mil hectares, o que corresponde a 2% da superfície de água total do Brasil.

A crise hídrica levou os dois estados que abrigam o bioma ao topo do ranking dos que mais perderam superfície de água: Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, com 274 mil hectares (-33%) e 263 mil hectares (-30%), respectivamente.

“Em 2024, nós não tivemos o pico de cheia. O ano registra um pico de seca, que deve se estender até setembro. O Pantanal em extrema seca já enfrenta incêndios de difícil controle”, ressalta Eduardo Rosa, do MapBiomas. 

Já na Amazônia, a superfície de água foi cerca de 5,4% menor em relação a 2022, chegando a 12 milhões de hectares da região que concentra mais da metade da superfície de água do país (62%). Em 2023, a Amazônia sofreu com uma seca severa: de julho a dezembro abaixo da média histórica do MapBiomas Água, sendo outubro a dezembro o s meses que registram as menores superfícies de água da série.

“Temos cada vez mais eventos extremos na Amazônia. As secas são alertas de que o bioma já está passando por transformações”, disse o coordenador do MapBiomas Água, Carlos Souza Jr,

De acordo com ele, o desmatamento está interferindo fortemente na relação de interdependência entre floresta e água.

Em 2023 o Cerrado teve a maior superfície de água desde 1985: 1,6 milhão de hectares ou 9% do total nacional. Esse total é 11% acima da média histórica no bioma.  O ganho de superfície de água se deu em áreas antrópicas, que ampliaram-se em 363 mil hectares – uma variação positiva de 56,4%. Os corpos de água naturais, por sua vez, perderam 696  mil hectares – queda de 53,4%.

“A partir de 2003, a área de superfície de água destinada à geração de energia e ao abastecimento dos centros urbanos superou a área de água natural no Cerrado. No entanto, esses reservatórios são abastecidos pelos corpos de água naturais que têm sido reduzidos nas últimas décadas”, comenta Joaquim Pereira, do MapBiomas.

De acordo com o levantamento, a superfície da água no Brasil teve uma queda de 1,5% em 2023, em relação à média histórica. Os corpos hídricos naturais tiveram uma queda de 30,8% ou 6,3 milhões de hectares em 2023 em relação a 1985. Metade (6) das bacias hidrográficas do País, de acordo com o MapBiomas Águas, estiveram abaixo da média histórica em 2023 – percentual semelhante ao das sub-bacias nível 1 (53%, ou 44 delas) e das sub-bacias de nível 2 (57%, ou 156 sub-bacias)

Impactos

A superfície de água em dez estados, ou seja, um pouco mais de um terço (37%) das unidades federativas ficou abaixo da média histórica em 2023.  Além de liderarem os casos mais severos, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso lideram  contam com municípios abaixo da média histórica mais da metade (53%, ou 2.925). 

Corumbá (MS) foi o que mais perdeu superfície de água em 2023 em relação a média da série histórica: 261 mil hectares (-53%).

“Enquanto o Cerrado e Caatinga estão experimentando aumento na superfície da água devido à criação de hidrelétricas e reservatórios, outros, como a Amazônia e o Pantanal, enfrentam uma grave redução hídrica, levando a significativos impactos ecológicos, sociais e econômicos. Essas tendências agravadas pelas mudanças climáticas ressaltam a necessidade urgente de estratégias adaptativas de gestão hídrica”, destaca Juliano Schirmbeck, coordenador Técnico do MapBiomas Água.