Por André Garcia
Seguindo tendência de queda observada em toda a Amazônia, setembro se consolida como o sexto mês consecutivo de redução no desmatamento no bioma. Assim, o acumulado dos primeiros nove meses de 2023 fechou com uma área de floresta derrubada quase três vezes menor do que no mesmo período de 2022, passando de 9.069 km² para 3.516 km².
Os dados, divulgados nesta sexta-feira, 20/10, pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), também apontam que esta foi a menor destruição entre janeiro e setembro dos últimos cinco anos, desde 2018.
Apesar da boa notícia, as florestas devastadas nos três primeiros trimestres de 2023 chegaram a quase 1.300 campos de futebol por dia, estando acima do registrado em alguns anos anteriores a 2017.
Segundo o Imazon, há 10 anos, em 2013, o acumulado de janeiro a setembro foi de 1.008 km², mais de três vezes menor do que o registrado agora, o que equivaleria, por exemplo, a 370 campos de futebol por dia. Diante disso, o pesquisador Carlos Souza Jr alerta que as reduções ainda precisam ser maiores para que seja controlada a perda de floresta.
“O que é essencial para que possamos mitigar as mudanças climáticas e seus fenômenos extremos, como secas e cheias com maior frequência e intensidade. Estamos vendo o quanto a seca está afetando as populações do Amazonas agora e o quão importante é manter o ambiente e o clima equilibrados”, afirma.
Mato Grosso
Mato Grosso é o segundo colocado no ranking dos estados que mais destruíram a Amazônia em setembro de 2023, respondendo por 14% dos 546 km² perdidos pelo bioma em relação ao mesmo período de 2023. No topo da lista, o Pará foi responsável por 47% do desmatamento, enquanto no terceiro lugar, o Amazonas registrou 13%.
Os mesmos estados também lideraram a devastação no bioma no acumulado de janeiro a setembro deste ano. Neste caso, Mato Grosso é o terceiro, com perda de 784 km² de área de vegetação, ou 22% do total de 3.516 km² registrados no período. A porcentagem é menor que a do Pará, de 29% (1.000 km²) e do Amazonas, 24% (com 836 km²).
O Imazon mostra ainda que, apesar do alto índice, o estado apresentou redução de 43% no desmate em relação ao mesmo período em 2022, quando o registro foi de 1.369 km².
Dinâmica do agro
Em Mato Grosso, a situação mais crítica foi registrada na metade norte do estado, enquanto no Amazonas, a destruição avança na porção sul, na divisa com Acre e Rondônia (Amacro). O que ambas as regiões têm em comum é a forte pressão de expansão agropecuária.
“No caso da pecuária, que corresponde a mais de 80% do uso de áreas desmatadas na Amazônia, estudos do Imazon têm apontado que pode ser mais barato aumentar a produção reformando pastos degradados do que desmatando novas áreas, por exemplo”, explica a pesquisadora do Imazon Larissa Amorim.
Como mostrado recentemente pelo Gigante 163, na Amazônia, a soja avançou significativamente nas últimas duas décadas, passando de cerca de 1 milhão de hectares para 7 milhões de hectares. Além disso, em todo o País, quase a totalidade (95%) da conversão de florestas diz respeito à atividade.
Geografia do desmatamento
Em setembro de 2023, a maioria (63%) do desmatamento na Amazônia ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante, foi registrado em Assentamentos (24%), Unidades de Conservação 98%) e Terras Indígenas (5%). Entre os 10 Municípios considerados críticos, Colniza, em Mato Grosso, está no topo da lista, com 14 km².
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