Estudo realizado por pesquisadores brasileiros concluiu que sete Estados do país, incluindo Mato Grosso, apresentam alto risco de passar por surtos de zoonoses, doenças transmitidas de animais para humanos.
De acordo com a pesquisa publicada na quarta-feira, 29/6, na revista Science Advances, os recentes aumentos nas vulnerabilidades ambientais e sociais do Brasil, amplificados por crises econômicas e políticas, são potenciais gatilhos para surtos.
Para quem não sabe, zoonoses são resultado de um processo de mutações contínuas até que um patógeno –qualquer organismo que cause uma doença– tenha capacidade de infectar humanos. Exemplos recentes de zoonoses são a covid-10 e a varíolas do macacos.
Para os pesquisadores, o Brasil “é uma potencial incubadora da próxima pandemia”.
“Em uma inversão ideológica, as políticas ambientais brasileiras passaram recentemente de uma posição de liderança histórica para uma ameaça ambiental global, como sugere a tendência ascendente das taxas de desmatamento da Amazônia, 182% acima da meta em 2020 . No final do mesmo ano, quase um terço do Pantanal, a maior área úmida tropical do mundo, foi incendiada devido a um aumento anual de 508% na ocorrência de incêndios em relação à média de 2012-2019”, diz a pesquisa
No texto, eles mostram os riscos atuais de surgimento de zoonoses no Brasil com base em um novo método de avaliação de risco combinado com conjuntos de dados que resumem os principais fatores históricos, ambientais e socioeconômicos da dinâmica das zoonoses.
“Além disso, realizamos análises de rede para retratar as interações entre patógenos e as espécies de mamíferos mais caçadas no Brasil, lançando luz sobre os caminhos mais críticos para o transbordamento zoonótico da vida selvagem para os humanos e discutindo as implicações para as políticas de saúde pública”, diz a publicação.
O método de avaliação de risco da pesquisa atribuiu o nível de risco mais alto a seis Estados da região Norte (Acre, Amapá, Rondônia, Roraima, Amazonas e Maranhão) e a apenas um do Centro-Oeste, nosso Mato Grosso. Esses estados são parcialmente ou totalmente cobertos pela floresta amazônica. A pesquisa usou dados de nove zoonoses de 2001 a 2019.
“Em geral, eles apresentam os níveis mais baixos de arborização urbana, as maiores riquezas de mamíferos e os níveis mais altos de afastamento da cidade. O grupo de alto risco também inclui os Estados com maior cobertura vegetal (Amazonas) e maior perda de vegetação (Mato Grossso)”, diz o texto.
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