Por André Garcia
Quase metade (48%) dos 325 km² desmatados na Amazônia no mês passado estão localizados em Mato Grosso. A destruição passou de 96 km² em fevereiro de 2022 para 157 km² no mesmo mês de 2023, um aumento de 64% que corresponde a uma área do tamanho de Natal (RN).
Os números, divulgados nesta quarta-feira 15/3 pelo Imazon, colocam o estado pelo segundo mês consecutivo como líder no ranking de devastação entre os nove integrantes da Amazônia Legal. Pará e Amazonas ocupam a segunda e terceira colocação, com 63 km² e 55 km², respectivamente.
A situação é pior na metade norte do território mato-grossense, onde se localizam municípios como Feliz Natal, Aripuanã e Peixoto de Azevedo.
Para a pesquisadora do Imazon, Bianca Santos, este cenário está em grande parte associado à expansão agropecuária.
“Não basta apenas fortalecer as políticas públicas de combate ao desmate ilegal. Também é preciso criar medidas de incentivo à produção sustentável e ao aumento da produtividade nas áreas já derrubadas”, pontua ela.
Cenário geral
Após uma queda em janeiro, o desmatamento na Amazônia voltou a crescer em fevereiro. Essa foi a maior devastação registrada em fevereiro em 16 anos, desde que o Instituto implantou seu sistema de monitoramento por imagens de satélite. Com isso, o acumulado do ano ficou como o segundo maior desde 2008, atrás apenas de 2022.
De acordo com o Imazon, só entre janeiro e fevereiro deste ano, o bioma perdeu 523 km², o equivalente a quase 900 campos de futebol por dia.
Coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon, o pesquisador Carlos Souza Jr. afirma que esse aumento evidencia a necessidade das políticas de combate ao desmatamento anunciadas pelo Governo Federal serem colocadas em prática de forma urgente e em parceria com os estados nas florestas sob maior risco.
“Através da ciência e da tecnologia, inclusive da inteligência artificial, conseguimos identificar em cada estado quais são as áreas sob maior ameaça de devastação. Os governos podem intensificar e direcionar os esforços de fiscalização para salvar essas florestas”, avalia.
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