Por Vinicius Marques
No último ano, o nosso estado conquistou a posição de 4º lugar no ranking nacional de maiores produtores de energia solar do país, com 444MWp de geração distribuída. Cuiabá é o primeiro município brasileiro a atingir marca de 100 MW de potência solar instalada em residências e médios e pequenos terrenos.
Entre os estados, Minas Gerais está em primeiro lugar, com 1GWp; São Paulo, com 742 MWp e Rio Grande do Sul, com 728MWp, segundo dados da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica).
Isso se deve ao fato do Centro-Oeste, além de ser conhecido como a caixa d’água do país, abastecendo oito bacias hidrográficas, ser também uma das áreas que possui melhor capacidade para a produção de energia solar. A região possui alta incidência de raios solares ao longo de todo o ano.
Sabendo disso, muitas companhias e fazendeiros de MT têm instalado sistemas de geração de energia solar fotovoltaica em suas propriedades. Segundo Tiago Vianna, coordenador estadual da Absolar e presidente do Sindenergia MT (Sindicato de Energia), o estado já conta com bastante adesão de produtores rurais.
Os produtores mais capitalizados, com acesso a crédito, conseguem adquirir mais rapidamente”, diz Vianna. “Mas apesar de ser um investimento caro no início, há muitas possibilidades de financiamento através do FCO, BNDES e demais fundos e bancos.”
Segundo o coordenador da Absolar, a geração desse tipo de energia em fazendas de grande e médio porte é um ótimo investimento. Para os consumidores rurais, o retorno financeiro flutua em uma faixa de oito a dez anos, a depender do tamanho da propriedade. “O produtor não vai aumentar o fluxo de caixa em seu banco”, afirma Tiago Vianna. “O que ele vai fazer? Ele vai trocar a conta de luz pelo financiamento, já contando os juros”.
Em uma algodoeira, por exemplo, em média é preciso de três mega de potência instalada. Então três mega de potência instalada dá um valor acima de 15 milhões de reais”, calcula Vianna. “Já para produtores de grãos, com um armazém e um secador, a potência necessária seria na faixa de um mega a um mega e meio, a depender do porte.”
Sistema On-Grid de energia solar
Há dois tipos principais de sistema de geração de energia solar, o Off-Grid e o On-Grid. Enquanto o Off está isolado em uma geração centralizada, ou seja, não está conectado à rede de distribuição local, o On-Grid permite que o consumidor esteja conectado a uma rede de distribuição elétrica. De acordo com Tiago Vianna, o Off-Grid só compensa para locais em áreas muito ermas.
O sistema Off-Grid não faz sentido para os produtores rurais”, diz Vianna. “Se você precisa de x reais para atender ao seu consumo de energia, com o Off-Grid, você irá gastar entre 3x a 3,5x a mais, para colocar um bom banco de bateria e fazer o sistema rodar”.
Pela Resolução Normativa nº 482 da Aneel, em um sistema de distribuição elétrica, os consumidores com microgeração (potência instalada menor ou igual a 75 kW) ou minigeração de energia (potência instalada superior a 75 kW e menor ou igual a 5MW) poderão ser compensados com créditos de energia ativa, no caso de gerarem um valor excedente ao utilizado. Nesse caso, o consumidor terá até cinco anos (60 meses) para usufruir do crédito que acumulou no mês.
A energia solar no Brasil
Segundo informe da Absolar, o Brasil no último ano ultrapassou “a marca histórica de 13 gigawatts (GW) de potência operacional da fonte solar fotovoltaica em sistemas de médio e pequeno portes instalados em telhados, fachadas, terrenos e em grandes usinas centralizadas.”
De acordo com a Associação, a geração e uso de energia solar trouxe ao Brasil, desde 2012, mais de R$ 66,3 bilhões em novos investimentos, R$ 17,1 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou mais de 390 mil empregos acumulados.
A geração de energia solar, na última década, evitou ainda a emissão de 14,7 milhões de toneladas de CO2. Segundo o relatório anual de eletricidade da Agência Internacional de Energia (IEA), 2021 teve o maior aumento já registrado na demanda por energia elétrica, cerca de 6% em comparação ao ano anterior. Espera-se, portanto, um novo recorde de poluição pelo uso de termelétricas fósseis, além de tensões sociais pelo encarecimento da energia. A geração de energia renovável e sustentável faz-se mais que necessária para amenizar tais consequências.
O avanço da energia solar no País, via grandes usinas e pela geração própria em residências, pequenos negócios, propriedades rurais e prédios públicos, é fundamental para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do Brasil”, comenta o CEO da Absolar, Rodrigo Sauaia, em nota à imprensa.
De acordo com ele, “as usinas solares de grande porte geram eletricidade a preços até dez vezes menores do que as termelétricas fósseis emergenciais ou a energia elétrica importada de países vizinhos, atualmente, duas das principais responsáveis pelo aumento tarifário sobre os consumidores”.
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