A poluição do ar causada por incêndios florestais, já responsável por mais de 1,5 milhão de mortes anuais nos países em desenvolvimento, deve provocar um número ainda maior de vítimas nos próximos anos devido às mudanças climáticas. O alerta vem de um estudo publicado na última quinta-feira (28) na revista The Lancet.
Entre 2000 e 2019, os incêndios florestais causaram, em média, 450 mil mortes anuais por doenças cardíacas e 220 mil por problemas respiratórios, conforme levantamento feito por uma equipe de pesquisadores internacionais. De acordo com matéria publicada pela Folha, da Agência France Presse, as mortes estão relacionadas à exposição a partículas finas e substâncias tóxicas liberadas na atmosfera durante os incêndios.
Os pesquisadores examinaram dados sobre incêndios florestais e queimadas usadas como prática agrícola, para a limpeza do terreno.
Esses dados intensificam a preocupação do Brasil em avançar na luta contra o aquecimento global, especialmente diante da crescente incidência de queimadas no País. De janeiro a setembro deste ano, o fogo consumiu 22,38 milhões de hectares — uma área equivalente ao estado de Roraima — segundo o Monitor do Fogo da plataforma MapBiomas. Somente em setembro, 10,65 milhões de hectares foram devastados, representando um aumento de 150% em relação ao mesmo período de 2023.
Sobre o estudo
O estudo, que revelou que 1,5 milhão de mortes anuais ocorrem em decorrência das queimadas florestais, mostra que a maioria dos óbitos associados às queimadas ocorre nos países em desenvolvimento.
China, Índia, Indonésia, Nigéria e República Democrática do Congo lideram em números absolutos de mortes atribuídas à poluição do ar causada por queimadas. Quase 40% dos óbitos ocorreram na África Subsaariana, evidenciando um impacto desproporcional em regiões vulneráveis.