Na multifazenda Mano Julio, em Lucas do Rio Verde (330 km de Cuiabá), o aproveitamento circular não deixa espaço para o desperdício. Lá, são plantados 20 mil hectares de soja, 16 mil de milho e 9,3 mil de algodão, tudo integrado à criação de suínos, bovinos, produção de frangos e ovos, e inclusive à produção de uma biofábrica e uma termelétrica com capacidade de 1,3 megawatts.
De acordo com publicação do Globo Rural, a história da fazenda começou há 45 anos, quando o proprietário, Marino José Franz chegou ao município com uma mala e um saco de esterco. De lá para cá, muita coisa mudou e hoje a estratégia de sustentabilidade da produção adotada por ele se replica tanto na sede quanto em outras seis propriedades satélites, em Nova Mutum (240 km de Cuiabá).
“O confinamento gera esterco para as lavouras, as aves produzem o adubo da cama aviária, os dejetos dos suínos se tornam energia, a algodoeira gera o caroço e o capulho para acrescentar na ração dos animais e até os bovinos que morrem viram adubo em 15 dias”, conta ao Osvaldo Araújo, gerente-executivo da Mano Julio e genro de Marino.
Segundo ele, a sustentabilidade também tem alicerce em áreas de reflorestamento, todas as nascentes são protegidas e o gado só bebe água em bebedouros, sem acesso às águas dos rios.
Algodão
Além de agropecuarista, Marino também é dono de algodoeira, a Fiagril, empresa de insumos e assistência técnica, e acionista da FS, companhia de capital americano que produz etanol de milho em três unidades no Estado.
Neste mês, a Mano Julio iniciou antecipadamente a colheita de algodão com oito máquinas próprias que colhem e enfardam os rolos de 2,5 mil quilos que seguem para beneficiamento na algodoeira, a 100 km da área de produção. Nesta safra, a produtividade deve ficar em torno de 290 arrobas por hectare, média baixa devido a dificuldades climáticas.
Animais
Segundo Luis Henrique Carvalho, gerente de granjas da Mano Julio, são alojados 100 mil suínos por ano nos oito núcleos de terminação. Os animais chegam com 70 dias e 120 dias depois vão para o abate na unidade da BRF em Lucas do Rio Verde, que fornece os animais, a ração com o farelo de milho úmido produzido pela FS e a assistência técnica.
O grande “pulo do gato” da Mano Julio na produção de suínos foi a instalação de biodigestores que recebem todos os dejetos por gravidade. Além de gerar energia para as granjas e os confinamentos, a fazenda dá destinação para o esterco, urina, desperdícios de água de bebedouros e resíduos de rações que são altamente poluentes.
No confinamento, com cochos cobertos e sistema de refrescamento, passam 25 mil animais 100% rastreados por ano em dois giros. Os bovinos entram com 450 kg a 480 kg e saem com peso de 560 kg a 580 kg. O farelo de milho úmido representa de 50% a 60% da composição da ração, que tem também caroço e capulho de algodão e sorgo.
Biofábrica
A biofábrica para produção de fungos e bactérias usados nas lavouras para combater cigarrinhas, mosca branca e percevejo e na promoção do crescimento das plantas foi instalada em 2021 na sede da Mano Julio. Produz atualmente 32 mil litros de produtos biológicos que têm um custo de produção de R$ 5 o litro na comparação com os químicos que custam R$ 80.
Tanta economia levou a fazenda a planejar a expansão da biofábrica da sede e a construção de uma outra na região de Nobres, a 200 km de Lucas do Rio Verde.
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