A combinação do impacto dos gases do efeito estufa com fenômeno meteorológico El Niño será responsável por um período de calor intenso em nível global entre os anos de 2023 e 2027. As informações foram divulgadas em levantamento publicado quarta-feira, 17/5, pela Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com o colunista do UOL, Jamil Chade, na Amazônia, a previsão é de queda das chuvas, com um possível impacto para a agricultura nacional. E os efeitos já começam a ser sentidos.
“Os padrões de precipitação previstos para 2023 em relação à média de 1991-2020 sugerem uma maior chance de redução de chuvas em partes da Indonésia, da Amazônia e da América Central”, disse o informe.
Para os próximos cinco anos, as previsões de precipitação mostram anomalias de umidade no Sahel, norte da Europa, Alasca e norte da Sibéria, e anomalias de seca para essa estação na Amazônia e oeste da Austrália, informa a ONU.
O Sul do Brasil também será afetado.
“Entre 2018 e 2022, partes da Ásia, sudeste da América do Norte, nordeste da América do Sul e o Sahel africano foram mais úmidos do que a média, e o sul da África, Austrália, sul da América do Sul, oeste da Europa e partes da América do Norte foram mais secos do que a média”, disse.
De acordo com o informe, “a Austrália e o sul da América do Sul foram, em sua maioria, mais secos do que a média durante os cinco anos em ambas as estações”, constatou.
Os mais quentes já registrados
A Organização Meteorológica Mundial (OMM), órgão especializado das Nações Unidas, estima em 66% a probabilidade de que a temperatura média anual da superfície da Terra supere em 1,5°C os níveis pré-industriais durante pelo menos um dos cinco anos, segundo informações da Folha de S. Paulo.
“Há 98% de probabilidades de que ao menos um dos próximos cinco anos, e o quinquênio em seu conjunto, seja o mais quente já registrado”, apontou o documento.
Em 2015, os Acordos de Paris sobre o Clima tinham como meta limitar o aumento das temperaturas globais neste século abaixo de 2°C na comparação com os níveis pré-industriais de 1850 a 1900, ou a 1,5°C na medida do possível.
“(Os dados) não significam que vamos superar de forma permanente a barreira de 1,5°C do Acordo de Paris, que se refere a um aquecimento a longo prazo sobre vários anos. A OMM, no entanto, está soando o alarme ao anunciar que vamos superar o nível de 1,5°C de forma temporária ou com mais frequência”, destacou Petteri Taalas, secretário-geral da OMM.
Taalas frisou que a chegada do El Niño, já prevista para os próximos meses de 2023, combinada com a mudança climática provocada pelas atividades humanas, provocará o aumento das temperaturas mundiais em dimensões inéditas.
“Isto terá grandes consequências para a saúde, segurança alimentar, gestão da água e meio ambiente. Precisamos estar preparados”, completou.