Nesta quinta-feira, 23/11, foi divulgada a 11a edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima. O relatório mostrou que o Brasil teve uma queda de 8% nas emissões brutas de gases de efeito estufa em 2022. Ela foi puxada pela redução da taxa de desmatamento na Amazônia no ano passado e por chuvas abundantes que causaram uma redução recorde no acionamento de termelétricas fósseis.
Considerando as emissões líquidas (que levam em conta as remoções de carbono por florestas secundárias, unidades de conservação e terras indígenas), a queda é de 11%, de 1,9 GtCO2e para 1,7 GtCO2e no mesmo período.
A equipe do SEEG analisou as perspectivas de cumprimento das metas com base no histórico de emissões de 1990 a 2022 e concluiu que ambas estão ao alcance: a meta de 2025 seria atingida com uma redução de 33% na taxa de desmatamento na Amazônia nos próximos dois anos – num cenário conservador, no qual as emissões dos outros setores permanecem aproximadamente constantes; e a de 2030 poderia ser excedida em muito, caso o governo federal consiga zerar o desmatamento.
Neste caso, as emissões líquidas em 2030 seriam de 685 milhões de toneladas, um número 43% menor do que a meta atual, de 1,2 bilhão de toneladas.
Perspectivas
Em 2020, o Observatório do Clima havia lançado uma proposta de Contribuição Nacionalmente Determinada para o Brasil que propunha um teto de emissões líquidas em 400 milhões de toneladas de CO2 equivalente. A proposta incluía, além do desmatamento zero, ações mais ambiciosas de corte de emissões no setor de agropecuária, como a extensão do Programa ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) a todo o Plano Safra e substituição de termelétricas fósseis, além do aumento da recuperação florestal – em parte consequência do fim do desmatamento –, que aumentaria as remoções.
“Os cenários traçados pelo SEEG nesta edição são bastante conservadores. Mas apontam na direção do que o Brasil pode e precisa fazer para liderar pelo exemplo, tanto à frente do G20 quanto como presidente da COP30, em Belém, em 2025. Os extremos catastróficos do ano de 2023 mostraram ao mundo o que é a vida acima de 1,5oC e deixaram claro que ninguém quer isso”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do OC.
Com informações do Observatório do Clima