De acordo com estudo encomendado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT), o manejo florestal sustentável pode ajudar Mato Grosso a reduzir em 16% a emissão de gases de efeito estufa nos próximos anos. Com isso, colaboraria de maneira significativa para a meta estadual de neutralizar a geração de carbono até 2035. As informações são do Globo Rural.
Caso cresça conforme o planejado, com incremento de 3,6 milhões de hectares até 2050, a atividade pode acumular a redução de 1.195 teragramas de dióxido de carbono equivalente (TgCO2) — o equivalente a um milhão de toneladas métricas — até 2050, ano em que o Estado pretende ser carbono negativo.
A extração de madeira nativa e de forma legal das fazendas de Mato Grosso corresponde, atualmente, a 4,7 milhões de hectares manejados de forma privada por madeireiros. A produção já ultrapassou 4 milhões de metros cúbicos de madeira nativa por ano, com faturamento superior a R$ 300 milhões em 2021. Após explorar a área, ela fica 25 anos intacta e passa por avaliações periódicas para checagem do incremento florestal.
“O manejo é aliar ciência e tecnologia e colocar tudo isso na prática em prol da renovação da floresta amazônica. O manejo florestal explora o máximo do ciclo de vida natural da floresta, que nasce, cresce, fica velha e morre. Nesse processo, antes de ela morrer, a colhemos para fazer o melhor aproveitamento possível”, disse à reportagem Frank Rogieri de Almeida, presidente do Fórum Nacional de Atividades de Base Florestal (FNBF).
Transparência
Para garantir ao consumidor de que os produtos são provenientes de áreas autorizadas pela Sema-MT, o setor produtivo e o governo têm intensificado os esforços para dar mais transparência e segurança ao processo. A atividade já era rastreada, mas o monitoramento foi ampliado. Desde maio, com a implementação do Sisflora 2.0, todo produto florestal de Mato Grosso tem rastreabilidade de tora por tora que sai da floresta. Anteriormente, o controle era por árvore.
O manejo florestal sustentável utiliza etiquetas de rastreio em troncos serrados, permitindo que qualquer pessoa escaneie e acesse informações, incluindo a localização exata da árvore de origem. Isso garante transparência e sustentabilidade no uso da madeira. Mato Grosso é pioneiro na adoção da medida e espera que ela se torne referência.
O produto legal da floresta é monitorado por satélite, que fornece as imagens para a Sema-MT observar qualquer alteração na vegetação nativa e gerar alertas automáticos nos e-mails dos produtores. Os dados são cruzados internamente, e a secretaria consegue saber se a alteração era autorizada, caso do manejo florestal sustentável, ou não. Se a modificação tiver sido permitida, o alerta é descartado. Senão, o órgão faz a fiscalização, autuação e até embargo da área.
Revertendo a imagem negativa
O setor de manejo florestal quer mudar sua imagem ainda associada ao desmatamento ilegal e, ainda, convencer mais produtores a abrirem as fazendas para parcerias para a atividade sustentável.
“Essas áreas são monitoradas 365 dias no ano, a pessoa fica responsável por ela pelos próximos 30 anos, enquanto realizamos novos estudos até chegar o ponto de ter uma nova colheita”, afirmou Frank Rogieri, presidente do FNBF.
Rogieri completou que a floresta é nosso patrimônio. Nas áreas de manejo florestal, o desmatamento ilegal é zero, não tem incêndios, pois há um aparato de tecnologia, monitoramento e responsabilização das pessoas envolvidas em qualquer ato criminoso.
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