Por André Garcia
De acordo com o Laboratório De Aplicações De Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/UFRJ), 3.615.250 de hectares já foram queimados na Amazônia neste ano. A baixa umidade do ar e a seca prolongada tem resultado no avanço do fogo sobre o Parque Estadual Cristalino II (PEC II).
Nas últimas semanas, as chamas atingiram 697,20 hectares, o equivalente a 976 campos de futebol, segundo o Instituto Centro de Vida (ICV). Diante disso, a consultora jurídica do Observatório Socioambiental de Mato Grosso (Observa-MT), Edilene Amaral alerta sobre os riscos de incêndios de grandes proporções na região, que é crucial para o bioma.
“O impacto dos incêndios gera o agravamento da degradação. E o risco de termos a perda de biodiversidade, que justificou a criação do parque, força uma possível ideia de que não há mais interesse na preservação daquela localidade. E isso é extremamente preocupante”, pontua.
Localizado no Arco do Desmatamento da Amazônia mato-grossense, entre os municípios de Novo Mundo e Alta Floresta, o PEC II teve seu decreto de criação anulado em abril deste ano por decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), que acatou o pedido da Sociedade Comercial e Agropecuária Triângulo Ltda.
Em agosto de 2022, decisão semelhante foi proferida pela Justiça. Naquele ano, o fogo consumiu mais de 5 mil hectares do PEC I e II um mês após a determinação. A extinção do parque foi questionada, mas a sentença recente do TJMT deu ganho de causa para a empresa novamente. Em meio à ausência de novos recursos por parte de agentes públicos, áreas dentro e no entorno do parque voltaram a queimar.
“O Estado precisa assumir a responsabilidade da unidade de conservação. Enquanto ele for omisso, não reconhecer que são terras públicas e de fato colocar medidas para implementação, essa situação continuará”, acrescenta Edilene
Incêndios
Desde o dia 2 deste mês, incêndios foram registrados em fazendas localizadas na porção leste do PEC II e, ao longo da última semana, avançaram sobre uma área não registrada. Nestes locais, o fogo consumiu 697,20 hectares.
Já nas proximidades da porção Oeste do parque, desde o dia 6 as queimadas consumiram 2.577,60 hectares, equivalentes a 3.610 campos de futebol.
Preservação de biodiversidade e laboratório de pesquisa
Anexo ao Parque Estadual Cristalino I, o Parque Estadual Cristalino II conta com pouco mais de 100 mil hectares entre os municípios de Alta Floresta e Novo Mundo, em Mato Grosso. Ambas as UCs, localizadas no Arco do Desmatamento da Amazônia, abrigam 41 espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção e 38 espécies endêmicas.
Além de protegerem animais como o macaco-aranha-de-cara-branca, a onça-pintada e a harpia, contribuírem para o combate ao aquecimento global e para a produção de chuvas, as unidades também são um laboratório de pesquisas científicas desenvolvidas por importantes instituições mundiais.
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