Por Vinicius Marques
Aqui no Gigante 163, já trouxemos em outras matérias os benefícios e casos de sucesso da Regeneração Natural Assistida (RNA), mas sabia que é possível utilizar o manejo de gado como técnica para restaurar a vegetação nativa?
É o que mostraram os experimentos feitos no Parque Sesc Serra Azul, no município de Rosário Oeste (MT). Dos 5 mil hectares totais de mata, 1.700 estão em processo de RNA, que possuem ou possuíram na etapa inicial a presença dos animais.
“Tem algumas áreas do parque que quem não viu antes não consegue acreditar: onde hoje temos florestas, há pouco tempo eram pastagens”, comenta Christiane Caetano, superintendente do Sesc Pantanal, em entrevista exclusiva ao Gigante 163.
De acordo com Henrique Sverzut, analista florestal do Sesc Pantanal, a integração do gado ao método de RNA auxiliou no controle de gramíneas exóticas (invasoras) presentes no estágio inicial de recuperação. O manejo dessas espécies é muito importante, uma vez que, caso cresçam livremente, acabam barrando o desenvolvimento das pastagens nativas.
Os pesquisadores fizeram um experimento com dois tipos de pastagem: o capim braquiária e o andropogon — gramíneas exóticas muito presentes no Cerrado. Além disso, testaram parcelas com e sem a presença do gado.
“Cinco anos depois, já tivemos um resultado interessante: na ausência do gado, tivemos 0% de presença das gramíneas nativas regeneradas — ou seja, a pastagem exótica dominou toda a área e inibiu o crescimento da vegetação nativa”, conta Sverzut.
O Parque Sesc Serra Azul faz parte do polo socioambiental do Sesc Pantanal e está localizado em formações savânicas florestais do Cerrado. “Ele está localizado próximo às cabeceiras do Rio Cuiabá. É uma presença estratégica, considerando que o Cerrado é a caixa d’água do Pantanal”, afirma a superintendente.
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