Por André Garcia
Seis membros da mesma família foram alvos de uma operação da Polícia Federal, nesta quinta-feira, 10/10, em Corumbá, Mato Grosso do Sul. A suspeita é de que eles teriam incendiado cerca de 30 mil hectares do Pantanal, em um episódio que ficou conhecido como “muralha de fogo”.
Um homem, identificado apenas como Carlos, foi preso e multado em R$ 50 milhões e outro conduzido até a delegacia da Polícia Federal, informa o g1.
De acordo com a PF, a região incendiada é alvo recorrente deste tipo de crime ambiental, servindo também para a grilagem, realizada a partir de fraudes junto aos órgãos governamentais. Há indícios ainda de manejo de gado irregular proveniente da Bolívia na área devastada.
A operação, batizada como “Arraial São João” faz referência à repercussão que o incêndio ganhou no País em junho, mês em que ocorrem as tradicionais festas dedicadas ao santo. À época, imagens de uma “muralha de fogo” às margens do Rio Paraguai chocaram a população.
O uso do fogo na maior parte do País está proibido e é crime, com pena de 2 a 4 anos de prisão. Os investigados poderão responder pelos crimes de provocar incêndio em mata ou floresta, desmatar e explorar economicamente área de domínio público, falsidade ideológica, grilagem de terras e associação criminosa.
Governo intensifica investigações
De acordo com a última atualização do boletim de queimadas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), do início do ano até agora, a Polícia Federal instaurou 101 inquéritos para apurar as causas dos incêndios florestais no Pantanal, na Amazônia e no Cerrado.
Nestas regiões o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) realizaram 127 ações de fiscalização que resultaram em 7.562 notificações, 91 autos de infração, R$ 458,35 milhões em multas, 51 termos de embargo e 29,5 mil hectares embargados.
Situação atual
Segundo o boletim do MMA, de janeiro até agora, Amazônia, Pantanal e Cerrado registraram 1.063 incêndios florestais, dos quais 618 foram extintos e 253 são considerados controlados. À espera de chuvas consistentes, os biomas somam respectivamente 107.246 focos, 13.141 focos e 70.798 focos respectivamente.
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