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Presidente da Natura alerta sobre isolamento de empresas sem agenda carbono zero

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O presidente da Natura, João Paulo Ferreira, afirmou nesta terça-feira, 28/9, que uma empresa negligente com sua emissão de carbono será considerada pouco civilizada dentro de alguns anos.

“Não tenho dúvida que em poucos anos as empresas que não forem neutras em carbono vão ser tratadas como seriam hoje empresas que usam mão de obra infantil ou escrava”.

A frase foi dita durante participação no painel de abertura do 10º Congresso Sustentável de 2021 – Brasil 2050: Negócios Regenerativos, Inclusivos e Resilientes, realizado pelo Centro Empresarial Brasileiro para o  Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).

Para isso, segundo ele, a valoração das iniciativas voltadas ao meio ambiente precisa ser ressaltada, o que ainda não acontece.

O executivo afirmou que a Natura pretende investir US$ 100 milhões em pesquisa e desenvolvimento nos próximos anos para atingir, em 2030, a meta de ser neutra em carbono.

Para discorrer sobre o tema “Setor Empresarial Brasileiro e a Amazônia – a Convergência Necessária”, Ferreira contou sua experiência de mais de 20 anos trabalhando na região.

Segundo ele, o maior aprendizado é não pensar em soluções da Amazônia com a cabeça de escritório de São Paulo. Ferreira ressaltou a importância de se se partir de três pilares: conversa com as comunidades locais; trabalho colaborativo – entre inciativa privada, o governo em todas as suas esferas (municipal, estadual, federal), o terceiro setor, a academia – e, por fim, pesquisa e desenvolvimento.

Para exemplificar a importância de se trabalhar com esses três pilares, Ferreira falou sobre a árvore ucuúba.

“Pesquisamos esse ativo por quase dez anos. Ele vem de uma árvore que estava ameaçada de extinção e era vendida por 30 reais pra fazer cabo de vassoura. Hoje em dia, essa mesma planta gera três vezes mais valor por ano em pé para aquela comunidade, retirando desse ativo propriedades emolientes fantásticas, geram cosméticos de altíssima qualidade”, contou.

‘Sabotagem’

Do painel participaram também o governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto e Joanita Maestri Karoleski, do Fundo JBS para a Amazônia.

Dino reiterou que a importância do desenvolvimento de soluções sustentáveis e regenerativas não é apenas uma obrigação moral por parte do setor privado, mas é um imperativo de negócios. “A segurança climática é ativo econômico, estratégico, sobretudo para o agro”. Para o governador, investir na Amazônia é um ato de inteligência.

Dino disse ainda que por mais que Estados, municípios, empresas e sociedade invistam na preservação da Amazônia, não é suficiente. “É muito importante que consigamos remover esse obstáculo, essa atitude sabotadora em relação aos esforços dos outros”, disse, referindo-se ao governo federal.

Constituição

O ex-ministro Carlos Ayres Britto, por sua vez, falou o quanto a questão do meio ambiente está resguardada pela Constituição, tornando cada um dos brasileiros responsável por sua preservação, principalmente o presidente da República.

O ministro lembrou que o primeiro de todos os deveres do presidente da República, antes mesmo de promover o bem geral, é defender e cumprir a Constituição.

“O fato é que em matéria de meio ambiente, a Constituição tem sido descumprida sistematicamente”, afirmou o ex-ministro.

Bancos como parceiros

No segundo painel do 10º Congresso Sustentável de 2021  Brasil 2050: Negócios Regenerativos, Inclusivos e Resilientes, representantes dos bancos Itáu, Santander e Bradesco falaram sobre o tema “Como Financiar a Floresta em Pé”.

Eles descreveram detalhes do Plano Amazônia, criado há um ano, para conter o desmatamento ilegal daquela região.

Luciana Nicola, do Itaú, destacou a importância de desenvolver um plano robusto de desenvolvimento sustentável, com a humildade de entender a complexidade da região. Para isso, eles se valeram de um conselho consultor, formado por especialistas na Amazônia.

Marcelo Pasquini, do Bradesco, disse que o trabalho com os especialistas foi fundamental para eles entenderam a forma como deveriam trabalhar, o que deveria ser priorizado.

Carolina Carvalho, do Santander, afirmou que o projeto fez o grupo entender que mais do que financiador, os bancos podem exercer um papel de apoiador para os grandes, médios e pequenos empresários. “Realidades diferentes requerem necessidades diferentes”, disse ela.