A região das Cabeceiras do Pantanal, que contribui com cerca de 80% das águas que alimentam a maior planície alagada do mundo, requer intervenções em pelo menos 2 milhões de hectares para otimizar o controle da erosão e a regulação hídrica.
Essa é conclussão de estudos inéditos lançados recentemente. A area equivale a 11% da paisagem ou aproximadamente 2,5 vezes o município de Campo Grande.
As Cabeceiras do Pantanal, área que abrange 85 municípios e 16 sub-bacias hidrográficas de parte dos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, têm cerca de 3 milhões de habitantes. São pessoas que dependem cotidianamente da água que nasce na região para viver.
Apesar de o nome remeter ao bioma vizinho, 84% dessa paisagem estão no Cerrado, que já perdeu metade de sua cobertura original pressionado principalmente pela expansão não sustentável da agropecuária.
De acordo com as modelgaens realizada pelos pesquisadores nos estudos, a melhoria da qualidade da água começou a ser percebida nos locais onde houve ações sustentáveis, como restauração nas margens de rios e nascentes, conservação do solo e adoção de melhores práticas agrícolas – como cercamento das nascentes, para evitar pisoteio do gado, e construção de curvas de nível para aumento da infiltração da água da chuva.
Já o aumento do volume hídrico foi constatado após intervenção em, no mínimo, 20% da paisagem. Também foram analisadas porções da sub-bacia Jauru e da microbacia de Poconé, em Mato Grosso, e da sub-bacia do Miranda e da APA (Área de Preservação Ambiental) da bacia do córrego Guariroba, em Mato Grosso do Sul.
“A recuperação das Cabeceiras do Pantanal é urgente e vale o investimento por diversos motivos. Além de ser fundamental para a melhoria do solo e para a manutenção dos recursos hídricos da região, é uma atividade que também gera trabalho e renda, favorece a segurança alimentar, a manutenção da cultura e do bem-estar da população local”, ”, destaca Veronica Maioli, especialista em Conservação e Restauração.
Para Claudinei Menezes Pecois, presidente da ARCP (Associação de Recuperação, Conservação e Preservação da Bacia do Guariroba), recuperar as nascentes é essencial para evitar o assoreamento dos rios e “para que possam produzir mais água e água de qualidade”.
“Sem esse trabalho de harmonização da natureza, a água não vai brotar, porque existe todo um ciclo para que a água exista… e isso passa pelas plantas, pelo cuidado com a natureza. Está tudo interligado.”
Para o Instituto Aegea, é fundamental apoiar iniciativas que vão além dos serviços básicos do setor, como garantir mais resiliência hídrica e água em quantidade e qualidade.
“Esse estudo vem ao encontro do nosso pilar de proteção ao meio ambiente, com a ampliação de iniciativas que demonstrem a importância da resiliência hídrica. Como líderes em nosso setor, entendemos o nosso papel de investir em ações que geram impactos ambientais e sociais e a importância de unir forças para a construção contínua de um legado em prol do país e das gerações futuras”, explica Radamés Casseb, CEO da Aegea ao site Um Só Planeta.